Hora do jantar, sirvo a mesma refeição e Bento, de novo, se recusa a comer. Aviso que é o que temos hoje e, se não quiser, vai dormir com fome. Ele fica o jantar inteiro à mesa reclamando e não toca na comida. Resolvo dar na boca, coisa que não preciso fazer desde que ele era bebê, quase - desde cedo come bem sozinho. Ele abre a boca, faz cara feia e joga a comida pra fora. Penso: comida saudável, fresca, delícia. Fdp! Se não quiser, vai dormir com fome.
Davi e eu terminamos o jantar e sirvo a sobremesa que é um sucesso aqui em casa: banana com canela e queijo quente no microondas. Davi se delicia e Bento implora:
- Quero bananinha!
- Come a comida e dou a bananinha. Não quero que mate a fome no doce.
Ele insiste e esse diálogo se repete muitas vezes. Termino o meu jantar cansada e com pouca paciência:
- Seguinte: Vou tirar a mesa e organizar a cozinha e esse é o tempo que você tem para terminar o jantar. Se não comer, vamos pro banho e cama. Vc vai dormir com fome. Nada de bananinha pra vc.
Davi, preocupado com o irmão, incentiva:
- Vai, Bento, ta uma delícia! Come! Mamãe, dá na boca dele.
- Eu não! Eu até ia dar, mas ele não se comportou, perdeu a chance.
Davi termina sua bananinha e começa a dar comida na boca do irmão:
- Abre a boca.
Bento abre e não fecha.
- Agora fecha. - diz, pacientemente.
Bento fecha a boca e faz cara feia. Davi comemora.
- Isso, Bento! Que bom! Vc vai ganhar bananinha! Mamãe, o Bento comendo, se comportando, ele vai ganhar bananinha?
- Se comer tudo até eu terminar aqui, vai.
Davi continua: cada colherada, um parto, mas Davi segue paciente e fofo. "Abre a boca. Fecha a boca.". Bento reclama do tamanho da colher, dos ingredientes da comida e Davizão dando seu jeito. Eu só olho, brava com Bento, mas apaixonada pelo Davi. Resolvo filmar.
Uma determinada hora (saiu no vídeo, isso), Bento, que declaradamente não gosta de tomate, pergunta:
- Isso é tomate? (era tomate)
Davi:
- Não.
- O que é?
Davi sem pensar muito responde:
- Pimenta. - e vai colocando a colher na boca do irmão, que come satisfeito.
Terminado o longo jantar, falo:
- Davi, você é um excelente irmão!
Bento:
- Eu gosto do Davi, eu não quero o Davi morrer nunca. Quando umas pessoas morrem, elas viram passarinhos?
- Não, viram estrelas - responde, convicto, o Davi.
- Umas pessoas viram passarinhos e outras viram estrelas. - Bento conclui.
E assim, minha noite continua...
Assistir esses meninos é um barato!