Acabei de chegar do encontro com a Steph.
Quem???
Steph é uma aluna de mestrado da Universidade de Guelph. O Departamento de Gestão de Resíduos da Escola de Engenharia está contratando professor e uma das etapas do processo de avaliação dos candidatos é apresentar uma aula sobre um tema escolhido pelo próprio candidato. A aula é avaliada pelo comitê julgador (que inclui chefe do departamento, professores e alunos) e aberta a todos os interessados. Nós, interessados, estávamos lá. Era, afinal, uma boa oportunidade de networking para mim.
Quando chegamos, minutos antes do horário marcado, as pessoas já estavam sentadas e o candidato, a postos, esperando o horário exato para começar. A porta de entrada era na frente da sala, de modo que fomos notados por todos. Humildemente, nos dirigimos para o fundo, na esperança de não chamar tanta atenção assim.... Em vão! Assim que sentamos, todos continuavam a nos olhar e esta menina, a “Steph, by the way”, disse para nos apresentarmos para todos. Que beleza!!!
Eu, que em português provavelmente teria até gostado da oportunidade, apesar de sempre ficar um pouco nervosa nessas horas, comecei a suar frio! Porém, fui salva pelo gongo, ou melhor, pelo Carlos! Ele nos apresentou e falou bonito na frente de todos, enquanto eu sorria levemente e balançava a cabeça, como quem diz “Isso mesmo. Muito prazer, pessoal!”. Me enchi de orgulho... e alívio!
Bom, foi assim que fizemos nosso primeiro contato com as pessoas da “minha área” na Universidade de Guelph. Peguei o email da Steph e marquei um encontro para perguntar sobre os professores, sobre o programa de pós-graduação da universidade e outras coisas...
Fiz uma listinha antes do nosso encontro com o nome de todos os professores que trabalhavam com assuntos que me interessavam e lá fui eu, super nervosa, ao meu primeiro encontro em inglês! Frio na barriga!
Como vocês bem sabem, eu sou extremamente insegura! Não sou uma insegura conformada, tento mudar esse jeito e acho que tenho feito progresso, mas por mais que me digam – e continuem me dizendo, por favor! – que eu sou capaz, tenho, no fundo, muita dúvida!
Tem sido assim com o meu inglês... Por mais que a Lete, o Marcelo e o Carlos digam que sei conversar em inglês, me sinto um índio falando, terrível! A ideia de marcar um encontro com alguém que não fala português para conversar sobre trabalho, me deixou extremamente desconfortável. Minutos antes, mandei um email para Lete desabafando meu nervosismo e ela respondeu prontamente (e exatamente) assim:
“Lia, poe uma coisa na sua cabeca.... o seu ingles eh otimo.....fluencia se consegue com o tempo e pratica e vc acabou de chegar mas acredite, um dia vc vai olhar pra tras e dizer... a Lete tava certa. Depois, o que interessa mesmo eh o topico de seu trabalho e isso quase ninguem sabe o quanto vc sabe."
Foram essas palavras que fui repetindo na minha cabeça até o café, onde marcamos o encontro.
Cheguei 10 minutos antes e fiquei na porta esperando. Quando a Steph apareceu fui ao encontro dela (sentido oposto à entrada do café) no impulso brasileiro de dar um abraço ou o tradicional beijinho do rosto. Ela parou, fez uma cara de espanto e apontou para a porta, antes que eu chegasse muito perto. Lembrei-me de que estava no Canadá, virei as costas, e entrei no café sem nenhum toque físico de cumprimento.
O desenrolar do encontro foi ótimo!
Ela foi super legal, didática e respondeu todas as minhas perguntas com detalhes e sempre perguntando se estava tudo esclarecido antes de partir para o próximo passo. Achei isso engraçado. Eu levei a lista com nomes dos professores e cada vez que terminava de falar sobre um, antes de começar a falar do próximo, ela perguntava:
“Mais alguma pergunta sobre este professor?”, “Tem certeza?”
Antes de virar a página do meu caderninho, ela perguntou:
“Mais alguma coisa sobre os professores desta página?”
Do tipo, vamos manter a disciplina. Pergunte agora ou cale-se para sempre. Claro que não era exatamente assim, mas eu senti uma necessidade de manter a ordem dos assuntos, sem avacalhar o raciocínio. Respeitei. J
Achei muito legal que ela disse que não teve nenhum problema em me entender, que tem alunos na universidade que não falam inglês como eu e que eu estava super preparada para conversar com os professores, sim.
Apertamos as mãos na despedida e fomos cada uma para seu lado!
Foi ótimo e estou muito mais confiante de que tudo vai dar certo! Passei por momentos de nervosismo, mas terminou tudo muito bem. Até percebi que melhorei minha postura no caminho de volta à biblioteca.
Vamos que vamos, que a luta continua!!!!