Carlos chegando de uma viagem longa, me arrumei um pouco mais e, insegura, perguntei pro Davi:
- Estou bonita, filho?
Olhou bem e disse:
- Ta engraçada.
- Engraçada?! Não quero estar engraçada, filho, quero estar bonita. Estou bonita?
- Mãe, engraçada é bom. Ta engraçada. Só engraçada.
sexta-feira, 15 de novembro de 2019
terça-feira, 24 de setembro de 2019
Amor de irmão
Hoje o Bento me deu uma canseira! Fiz comida o suficiente para almoço e jantar do dia. Davi amou, Bento quase nem provou, disse que não gostava e não quis comer. A regra aqui é: não quer comer o que está servido, fica sem comer. (escrevendo pareceu-me duro demais, mas sempre funcionou bem. A criança acaba comendo quando está com fome)
Hora do jantar, sirvo a mesma refeição e Bento, de novo, se recusa a comer. Aviso que é o que temos hoje e, se não quiser, vai dormir com fome. Ele fica o jantar inteiro à mesa reclamando e não toca na comida. Resolvo dar na boca, coisa que não preciso fazer desde que ele era bebê, quase - desde cedo come bem sozinho. Ele abre a boca, faz cara feia e joga a comida pra fora. Penso: comida saudável, fresca, delícia. Fdp! Se não quiser, vai dormir com fome.
Davi e eu terminamos o jantar e sirvo a sobremesa que é um sucesso aqui em casa: banana com canela e queijo quente no microondas. Davi se delicia e Bento implora:
- Quero bananinha!
- Come a comida e dou a bananinha. Não quero que mate a fome no doce.
Ele insiste e esse diálogo se repete muitas vezes. Termino o meu jantar cansada e com pouca paciência:
- Seguinte: Vou tirar a mesa e organizar a cozinha e esse é o tempo que você tem para terminar o jantar. Se não comer, vamos pro banho e cama. Vc vai dormir com fome. Nada de bananinha pra vc.
Davi, preocupado com o irmão, incentiva:
- Vai, Bento, ta uma delícia! Come! Mamãe, dá na boca dele.
- Eu não! Eu até ia dar, mas ele não se comportou, perdeu a chance.
Davi termina sua bananinha e começa a dar comida na boca do irmão:
- Abre a boca.
Bento abre e não fecha.
- Agora fecha. - diz, pacientemente.
Bento fecha a boca e faz cara feia. Davi comemora.
- Isso, Bento! Que bom! Vc vai ganhar bananinha! Mamãe, o Bento comendo, se comportando, ele vai ganhar bananinha?
- Se comer tudo até eu terminar aqui, vai.
Davi continua: cada colherada, um parto, mas Davi segue paciente e fofo. "Abre a boca. Fecha a boca.". Bento reclama do tamanho da colher, dos ingredientes da comida e Davizão dando seu jeito. Eu só olho, brava com Bento, mas apaixonada pelo Davi. Resolvo filmar.
Uma determinada hora (saiu no vídeo, isso), Bento, que declaradamente não gosta de tomate, pergunta:
- Isso é tomate? (era tomate)
Davi:
- Não.
- O que é?
Davi sem pensar muito responde:
- Pimenta. - e vai colocando a colher na boca do irmão, que come satisfeito.
Terminado o longo jantar, falo:
- Davi, você é um excelente irmão!
Bento:
- Eu gosto do Davi, eu não quero o Davi morrer nunca. Quando umas pessoas morrem, elas viram passarinhos?
- Não, viram estrelas - responde, convicto, o Davi.
- Umas pessoas viram passarinhos e outras viram estrelas. - Bento conclui.
E assim, minha noite continua...
Assistir esses meninos é um barato!
A fé não costuma faiá
O melhor aprendizado que incorporei na minha vida é ter fé de que tudo acontece, acontece porque foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. Absolutamente tudo.
Ter fé nisso traz uma paz absurda em todos os momentos. E se você fica ligado na comunicação constante com o universo, ele dá um jeito de te comunicar isso. Um exemplo besta que acabou de acontecer:
Bento fez um risco enorme de caneta azul no nosso sofá bege novo. Um sofá de um tecido difícil de limpar, provavelmente não vai sair nunca. Quando eu vi, senti meu sangue ferver, tremi de raiva, muito ódio mesmo! Minha primeira reação foi:
- BENTOOOO!!!
Ele me olhou assustado. Parei aí, graças a Deus e a essa fé de que falei: tudo que acontece é a melhor coisa que poderia acontecer. Respirei fundo e consegui dizer calmamente:
- Poxa, filho, riscou com caneta azul o sofá... não pode!
- Eu vou limpar dileitinho.
- Não vai, não sai mais. Não faz isso nunca mais, tá?!
- Tá.
Sentei no sofá ainda pensando:
- Será que tenho que castigar? Dar umas palmadas? Que ódio!
Na mesma hora, o Spotify, que estava tocando músicas aleatórias, coloca pra tocar a música que escolhi para o Bento quando ele nasceu. Vieste, Ivan Lins. Música que não está em nenhuma playlist minha. Tocou. Nessa hora. Meu coração amoleceu e entendi o recado: está tudo bem. A liberdade desse serzinho lindo de explorar o mundo é muito mais importante do que mil riscos no sofá. Não era o que eu queria, mas é a melhor coisa que poderia ter acontecido. Te amo, filho fofo.
E assim, como num passe de mágica, meu coração está leve novamente e a vida segue...
Ter fé nisso traz uma paz absurda em todos os momentos. E se você fica ligado na comunicação constante com o universo, ele dá um jeito de te comunicar isso. Um exemplo besta que acabou de acontecer:
Bento fez um risco enorme de caneta azul no nosso sofá bege novo. Um sofá de um tecido difícil de limpar, provavelmente não vai sair nunca. Quando eu vi, senti meu sangue ferver, tremi de raiva, muito ódio mesmo! Minha primeira reação foi:
- BENTOOOO!!!
Ele me olhou assustado. Parei aí, graças a Deus e a essa fé de que falei: tudo que acontece é a melhor coisa que poderia acontecer. Respirei fundo e consegui dizer calmamente:
- Poxa, filho, riscou com caneta azul o sofá... não pode!
- Eu vou limpar dileitinho.
- Não vai, não sai mais. Não faz isso nunca mais, tá?!
- Tá.
Sentei no sofá ainda pensando:
- Será que tenho que castigar? Dar umas palmadas? Que ódio!
Na mesma hora, o Spotify, que estava tocando músicas aleatórias, coloca pra tocar a música que escolhi para o Bento quando ele nasceu. Vieste, Ivan Lins. Música que não está em nenhuma playlist minha. Tocou. Nessa hora. Meu coração amoleceu e entendi o recado: está tudo bem. A liberdade desse serzinho lindo de explorar o mundo é muito mais importante do que mil riscos no sofá. Não era o que eu queria, mas é a melhor coisa que poderia ter acontecido. Te amo, filho fofo.
E assim, como num passe de mágica, meu coração está leve novamente e a vida segue...
sexta-feira, 29 de março de 2019
O perrengue é real
Há dois meses, iniciei oficialmente um tratamento contra meu vício em comida, Bright Line Eating, da Susan Peirce Thompson. Basicamente, existem 4 linhas bem definidas que não posso cruzar por razão alguma:
- Zero açucar. (ou álcool)
- Zero farinha.
- Três, e somente três, refeições por dia. Zero lanchinhos ou beliscar comidas fora da refeição.
- Quantidades limitadas por refeição, baseada num plano alimentar definido.
Similar ao tratamento de outros vícios, não existe consumir o vício com moderação. O viciado não conhece moderação, ele vai com tudo e não consegue parar, por mais que deseje. Eu me identifico com esse comportamento compulsivo em relação à comida. Eu não paro de comer quando estou satisfeita, eu só paro de comer quando a comida acaba ou quando estou fisicamente passando mal ou triste. Não é uma relação saudável, não é uma escolha consciente. Sinto-me sem forças diante de alguns tipos de comida - basicamente com açucar e farinha. Sinto-me refém.
A simples ideia de cortar essas coisas da minha vida é assustadora. Como assim, viver sem açucar e farinha?! Há vida/felicidade sem açucar e farinha? Duvido. Irreal. Esse foi - e ainda é, confesso - a minha reação diante desse programa. Certa de que não era pra mim, decidi fazer o desafio dos 14 dias do programa para poder falar com conhecimento de causa.
Bem, nesses 14 dias em que fiquei sem açucar e sem farinha, pude experimentar um gostinho de não mais ser vítima da comida. Eu sabia que não iria comer e pronto, só por aqueles 14 dias: "só por hoje". Comecei a acordar disposta antes do alarme, perdi peso e estava me sentindo bem.
No último dia do desafio, fui a uma festinha de aniversário de criança. Passei a tarde inteira na saladinha, contente. Na hora do parabéns, depois de negar um pedaço de bolo 3 vezes, coloquei na minha cabeça que se me oferecessem mais uma vez, aceitaria. Só um pequeno não faria mal.
Ofereceram. Comi o pedaço de bolo. Repeti. Voltei à mesa e comi tudo que estava lá desde o começo da festa e que não tinha comido. E ainda fui embora pensando fixamente nas coisas que comeria assim que chegasse em casa. Terrível! A fera estava solta e totalmente no controle dos meus atos. Fiquei mal, passei mal.
Depois de umas férias sem censura alimentar alguma em que ganhei 7 quilos em 5 semanas, resolvi entrar no Boot Camp (BC) desse programa: 8 semanas de Bright Line Eating, que terminaram agora. Não mantive todas as linhas intactas nesse período, mas cortei açucar e farinha da minha dieta (exceto alguns poucos dias de recaídas). Não segui o programa à risca, mas fiz significativas alterações na minha forma de comer e, porque não?!, viver.
Termino esse BC 6 kg mais leve e com a esperança de que algum dia próximo conseguirei curar minha mente e me sentirei livre dessa obsessão por comida. Quero experimentar essa liberdade e, é claro, viver num corpo que me agrada mais.
Não é - e não tem sido - fácil. Meu obsessor interno vive me atormentando, dando inúmeras razões pra eu me permitir ter um dia "normal", como todo mundo (mesmo eu sabendo que nunca comi como todo mundo, que meu normal não é saudável). Ele me mostra a cena de eu cedendo aos meus desejos e me diz como seria maravilhoso comer aquele pacote de NMF (not my food), como estou perdendo e o tanto que eu mereço esse momento. É terrível! Tenho mandado ele se calar e sigo resistindo, mas PUTA QUE PARIU, até quando?!
Eventualmente ele se cala e eu me sinto em paz. Toda manhã quando me olho no espelho fico mais feliz com a forma que meu corpo está ganhando, me reconheço mais nele e me sinto bem. E sigo assim, nessa dança do "não vou aguentar mais" e do "tá fácil, vale muito a pena".
sábado, 23 de março de 2019
E a gente é só passageiro prestes a partir
Ultimamente, tenho sentido mais e mais essa dor. E não acho que é porque muitas pessoas estão deixando de fazer parte da minha vida. Acho, sim, que é porque nos últimos anos me abri para realmente apreciar cada um que cruza meu caminho. Mesmo sem que essas pessoas saibam, mesmo sem que seja recíproco.
Quando meu primeiro namorado terminou nosso namoro e fiquei arrasada, meu pai me disse uma coisa que nunca esqueci - e que repeti incontáveis vezes para muita gente e para mim mesma. Não lembro exatamente como ele disse, mas a mensagem era essa:
- Está sofrendo com o fim desse relacionamento? Que bom. Sinal de que você se envolveu como tinha que ser.
Tenho notado que nos grupos de que faço parte, normalmente sou a mais animada - quando não a única animada. É obvio que é muito mais legal quando a empolgação é compartilhada, mas eu prefiro ser a única empolgada do que estar num lugar sem me empolgar com aquilo.
Sinto meu coração partido a cada partida/mudança, mas penso que é melhor assim. Na verdade, só assim.
E que o novo sempre me encontre aberta e animada.
sábado, 16 de março de 2019
"Não me deixa bravo."
Autorresponsabilidade foi um aprendizado que mudou minha vida. Ninguém é responsável por como me sinto. Eu sou a única pessoa capaz de me fazer sentir qualquer coisa. Aprender isso foi libertador e passei a me sentir muito melhor, pois comecei a escolher como me sentir em relação a tudo que acontece ao meu redor. Esse aprendizado foi uma virada de chave na minha vida, eu achava.
Davi brincando, Bento chegou perto e tocou os brinquedos do Davi. Davi calmamente demandou:
- Bento, não me deixa bravo.
"Não me deixa bravo." - A frase ainda ecoava na minha cabeca, quando Bento veio em minha direção confirmar o que eu suspeitava:
- Mamãe, Davi está me deixando bravo.
É, autorresponsabilidade é tudo, mas se meus dois filhos se expressam dessa forma é sinal de que não ando praticando muito bem, não. Essa frase certamente veio de mim e eles acreditam, portanto, que se eu fico brava a culpa é deles e não minha. Não é. Eu sei racionalmente, mas não falo com eles como se soubesse.
Davi brincando, Bento chegou perto e tocou os brinquedos do Davi. Davi calmamente demandou:
- Bento, não me deixa bravo.
"Não me deixa bravo." - A frase ainda ecoava na minha cabeca, quando Bento veio em minha direção confirmar o que eu suspeitava:
- Mamãe, Davi está me deixando bravo.
É, autorresponsabilidade é tudo, mas se meus dois filhos se expressam dessa forma é sinal de que não ando praticando muito bem, não. Essa frase certamente veio de mim e eles acreditam, portanto, que se eu fico brava a culpa é deles e não minha. Não é. Eu sei racionalmente, mas não falo com eles como se soubesse.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019
"Carolina é uma menina tão difícil de esquecer...
...andar bonito e um brilho no olhar
Tem um jeito adolescente que me faz enlouquecer
E um molejo que eu não vou te enganar"
Carol entrou na minha vida num domingo ensolarado pós-eleições pra presidente em 2004. Já chegou fazendo festa, aliás, acho que tinha mesmo que nascer em época de carnaval. Maria Carolina, Carol, é como o carnaval: acolhedora, democrática, avassaladora, linda, colorida e intensa.
Foi dia 25, eu sei bem, mas sei também que nunca é tarde para comemorar o amor, a amizade e a alegria.
Parceira de tantas aventuras que já perdi a conta. Companheira na farra e na dor. É irmã. Irmã-mãe, eu diria. Chama atenção quando acha que tem que chamar, mas respeita nossas escolhas. É amor incondicional isso, né?! Ela pratica a aceitação completa do outro, sem exigir que ele seja diferente do que é. Isso, minha gente, por si só, já a coloca num patamar de evolução acima de quase todos nós.
Estar perto da Carol é tão agradável, mas tão agradável, que ela naturalmente se tornou parte de todas as minhas turmas. A turma do prédio, da faculdade, do basquete, do samba, de Goiânia, do parque... sabem quem, além de mim, pertence a todas elas?! A Carol.
Amiga linda, obrigada por tantas aventuras, por tanto companheirismo! Obrigada por tanta coisa boa que trouxe/traz pra minha vida, por fazer da sua família - e que família maravilhosa!, a minha. Que você continue espontânea e generosa! Que continue sendo o amor e aceitação de que o mundo tanto precisa. Você é necessária e eu sou muito grata pela nossa jornada juntas, pra sempre.
Não há distância, não há tempo que diminua meu amor por você e pelos seus! Feliz a Liz e todos que te rodeiam. Vida longa e iluminada, minha irmã.
Te amo!
Tem um jeito adolescente que me faz enlouquecer
E um molejo que eu não vou te enganar"
Carol entrou na minha vida num domingo ensolarado pós-eleições pra presidente em 2004. Já chegou fazendo festa, aliás, acho que tinha mesmo que nascer em época de carnaval. Maria Carolina, Carol, é como o carnaval: acolhedora, democrática, avassaladora, linda, colorida e intensa.
Foi dia 25, eu sei bem, mas sei também que nunca é tarde para comemorar o amor, a amizade e a alegria.
Parceira de tantas aventuras que já perdi a conta. Companheira na farra e na dor. É irmã. Irmã-mãe, eu diria. Chama atenção quando acha que tem que chamar, mas respeita nossas escolhas. É amor incondicional isso, né?! Ela pratica a aceitação completa do outro, sem exigir que ele seja diferente do que é. Isso, minha gente, por si só, já a coloca num patamar de evolução acima de quase todos nós.
Estar perto da Carol é tão agradável, mas tão agradável, que ela naturalmente se tornou parte de todas as minhas turmas. A turma do prédio, da faculdade, do basquete, do samba, de Goiânia, do parque... sabem quem, além de mim, pertence a todas elas?! A Carol.
Amiga linda, obrigada por tantas aventuras, por tanto companheirismo! Obrigada por tanta coisa boa que trouxe/traz pra minha vida, por fazer da sua família - e que família maravilhosa!, a minha. Que você continue espontânea e generosa! Que continue sendo o amor e aceitação de que o mundo tanto precisa. Você é necessária e eu sou muito grata pela nossa jornada juntas, pra sempre.
Não há distância, não há tempo que diminua meu amor por você e pelos seus! Feliz a Liz e todos que te rodeiam. Vida longa e iluminada, minha irmã.
Te amo!
Sobre consentimento
"Ó Janaína quando estou feliz eu choro
Ó Janaína deixa eu dormir no seu colo"
Ciranda pra Janaína (Kiko Dinucci) tocava baixinho enquanto eu preparava o café da manhã. Davi, que me acompanhava, comenta:
- Se ela não querer (sic), ele tem achar outro lugar pra dormir.
- O quê, filho? - perguntei sem entender do que ele falava.
- A Janaína. Se ela não querer (sic), ele pode dormir na cama, né?!
Davi, 5 anos, sabendo mais sobre consentimento do que muito marmanjo aí.
https://www.youtube.com/watch?v=kcC25Zc9MO0
terça-feira, 26 de fevereiro de 2019
"Não se admire se um dia...
...um beija-flor invadir
a porta da sua casa
te der um beijo e partir.
Fui eu que mandei o beijo
que é pra matar meu desejo
Faz tempo que não te vejo
Ai que saudade d'ocê!"
Eu cantava e ela performava coreografia num show improvisado para minha família. Tinhamos, o quê?!, 13, 15 anos?! Não lembro. Lembro que já éramos consideradas "velhas" pra esse tipo de coisa. Mas a graça estava exatamente aí: na inocência tardia. Enquanto todo mundo se preocupava em parecer maduro, a gente se divertia com a nossa infantilidade aparente. Eu e ela, a Gabi. Gabi Tetê, Gabriela Tereza Domingues Perez Andraus. Gabi Di Caprio. Eu, Lia Reeves.
Lembro-me como se fosse hoje o dia em que ela saiu de Goiânia pra morar em El Salvador. Chorei feito a adolescente de coração partido que era. Minha irmã de alma, minha irmã gêmea partia para longe. Aquela que topava tudo sempre. A minha companheira de fazer arte e bolo - o de laranja dela era sempre o mais gostoso. A responsável pela minha primeira - e talvez única? - bronca na escola (Colégio Marista, 7 série, acho).
Gabi foi morar longe, mas continuamos a nos falar frequentemente por cartas - de papel. Depois veio o meio digital de comunicação, mas nunca fomos boas nisso, né não, Gabi?! Já ficamos anos sem nos falar, mas nossas almas nunca se afastaram. Cada vez que nos falamos -poucas vezes - é como se o tempo não tivesse passado. E acho que amizade verdadeira é assim. Apesar da idade avançando (n-n-new generation), dos filhos crescendo, da vida se tornando cada vez mais real, a gente volta sempre àquele lugar onde moram nossas crianças.
Sei que estou muito atrasada (queria ter te mandado uma mensagem de aniversário), mas sei também que não importa. Quero te dizer, Gabi, que carrego muito de você em mim. Até hoje sei sorrir do seu jeito, fazer a sua cara e sentir como me sentia quando passávamos dias e dias grudadas. Você é uma alminha tão boa!
Obrigada por existir, por fazer parte da minha família e da minha vida. Obrigada por me aceitar por inteiro e não deixar minha ausência afetar nossa amizade. Obrigada por me causar dor na barriga de tanto rir. Te amo, ou!
"Horizonte azul, vermelho
Luzes a brilhar..."
a porta da sua casa
te der um beijo e partir.
Fui eu que mandei o beijo
que é pra matar meu desejo
Faz tempo que não te vejo
Ai que saudade d'ocê!"
Eu cantava e ela performava coreografia num show improvisado para minha família. Tinhamos, o quê?!, 13, 15 anos?! Não lembro. Lembro que já éramos consideradas "velhas" pra esse tipo de coisa. Mas a graça estava exatamente aí: na inocência tardia. Enquanto todo mundo se preocupava em parecer maduro, a gente se divertia com a nossa infantilidade aparente. Eu e ela, a Gabi. Gabi Tetê, Gabriela Tereza Domingues Perez Andraus. Gabi Di Caprio. Eu, Lia Reeves.
Lembro-me como se fosse hoje o dia em que ela saiu de Goiânia pra morar em El Salvador. Chorei feito a adolescente de coração partido que era. Minha irmã de alma, minha irmã gêmea partia para longe. Aquela que topava tudo sempre. A minha companheira de fazer arte e bolo - o de laranja dela era sempre o mais gostoso. A responsável pela minha primeira - e talvez única? - bronca na escola (Colégio Marista, 7 série, acho).
Gabi foi morar longe, mas continuamos a nos falar frequentemente por cartas - de papel. Depois veio o meio digital de comunicação, mas nunca fomos boas nisso, né não, Gabi?! Já ficamos anos sem nos falar, mas nossas almas nunca se afastaram. Cada vez que nos falamos -poucas vezes - é como se o tempo não tivesse passado. E acho que amizade verdadeira é assim. Apesar da idade avançando (n-n-new generation), dos filhos crescendo, da vida se tornando cada vez mais real, a gente volta sempre àquele lugar onde moram nossas crianças.
Sei que estou muito atrasada (queria ter te mandado uma mensagem de aniversário), mas sei também que não importa. Quero te dizer, Gabi, que carrego muito de você em mim. Até hoje sei sorrir do seu jeito, fazer a sua cara e sentir como me sentia quando passávamos dias e dias grudadas. Você é uma alminha tão boa!
Obrigada por existir, por fazer parte da minha família e da minha vida. Obrigada por me aceitar por inteiro e não deixar minha ausência afetar nossa amizade. Obrigada por me causar dor na barriga de tanto rir. Te amo, ou!
"Horizonte azul, vermelho
Luzes a brilhar..."
domingo, 27 de janeiro de 2019
Cocriando a realidade (ou lições do Prem Bento)
- Quem guardará mais brinquedos hoje?
- Hora do banho, quem chegará primeiro ao banheiro?
- Quem será o primeiro a colocar o pijama?
Ao que eles repondem rapidamente e juntos:
- EU! - e começam a fazer o que devem. Normalmente uso esse incentivo depois de já ter pedido uma vez sem sucesso.
Nas outras vezes, porém, essa competição só resulta em brigas e choradeiras, porque, óbvio, o perdedor sempre se ressente em alto e bom som.
Bento, porém, acabou de me dar uma lição de vida, que quero compartilhar.
Fui colocar o saco de lixo na lixeira que fica em uma porta do outro lado do longo corredor do andar onde moro. Da nossa porta até a lixeira dá uns - o quê? - 100 metros rasos. Saindo na porta, Davi já adiantou:
- Bento, eu vou ganhar, tá?! Você vai perder.
- Por quê?
- Porque você precisa perder. - Davi esclarece.
- Não, eu não preciso. Eu vou ganhar.
Abro a porta e começam a correr, Davi na frente gritando:
- Eu to ganhando.
Bento, atrás, comemora:
- Eu to ganhando! Eu to ganhando!
Davi, puto, ainda tenta acabar com a festa dele:
- Não, você ta perdendo. Você perdeu! Você perdeu!
Mas de nada adianta. Bento está em êxtase comemorando sua vitória. Felicidade inabalável.
Assinar:
Postagens (Atom)