segunda-feira, 24 de março de 2014

Relato de um parto real

Acabo de ler numa comunidade do facebook "Indiretas Maternas", o relato de uma mulher que, ao descrever o parto dela, diz:

"Para as colegas que desejam ajudar o filho a nascer pelo parto normal, saibam que não existe dor, mas sim, uma força que o corpo faz para trazer a criança ao mundo e que a calma e a respiração são o segredo de um bom parto." (...) "O corpo faz tudo sozinho, a gente só dá uma forcinha."   
Juliana Feliz, jornalista, mãe de 3 meninas, sendo duas parto normal e uma natural.

Ela repete que o corpo sabe o que fazer, que não há dor e que é só uma questão de manter a calma. E ainda, que após o nascimento não sentimos mais nada, só uma grande emoção de ouvir a criança chorar e amamentar. 


Foi por causa de relatos desse tipo, que generalizam a própria experiência, tipo "é assim que é o parto normal", que meu parto vaginal foi tão traumático. Eu li tantos relatos de partos normais lindos e cesáreas terriveis, que estava certa de que eu queria parto normal, natural e sem nenhuma interferência, pois, afinal de contas "o corpo sabe o que faz", não é?! Ainda tive a "sorte" do meu filho nascer no Canadá, onde a regra é parto normal a (quase) qualquer custo.


A verdade é que cada parto é um e não há como generalizar. Há situações em que cesárea é a melhor alternativa, sim. E a culpa não é do médico que quer maior comodidade pra vida dele. Sei que isso lamentavelmente acontece, que existem cesáreas desnecessárias e médicos folgados, mas não dá pra generalizar dizendo que parto normal é o certo e crucificar a cesárea. A ponto, inclusive, de algumas mulheres se sentirem mal por terem feito uma cesárea! Ou outras se sentirem superiores por terem tido parto normal!


Parir é uma dádiva! É um divisor de águas, uma experiência transformadora, não importa a forma como foi o parto. Aqui vou contar a MINHA experiência de parir por via vaginal meu primeiro filho. Antecipo que não foi nada como eu tinha imaginado.


Desde que engravidei comecei a ler muito sobre esse universo de gravidez, maternidade, educação infantil... tudo lindo no papel! Li um livro inteiro sobre parto natural e estava decidida que queria meu parto natural e de cócoras, para ter maior abertura do canal vaginal e ajuda da gravidade na hora da expulsão. Li coisas horriveis sobre qualquer intervenção médica nesse processo divino e natural que é parir! 


Optei por parteira (midwife) em vez de obstetra. Decisão acertada, pois os médicos aqui no Canadá são extremamente distantes do paciente e só com a midwife tive aquela sensação de acolhimento, que tinha com meus médicos no Brasil. Elas são atenciosas e interessadas na nossa vida. 


Agora senta que lá vem a história...

Eu completaria 38 semanas de gestação num sábado. Na quarta-feira anterior, à 1:45 am (madrugada), levantei-me para fazer xixi, como todas as noites nas últimas semanas de gestação. Acontece que desta vez, percebi que havia escorrido umas gotinhas de água (?) antes que eu tivesse chegado ao banheiro. Coisa pouca, gotas: less than a tablespoon, como descrevi pra midwife. 
Mesmo assim, achei estranho e anotei a hora ao voltar pro quarto. Imaginei que minha bolsa tivesse rompido e iria esperar pelo famoso aguaceiro que dizem que é. 

Passei o dia todo sentada num evento de trabalho. Nada de aguaceiro. Na quinta-feira cedo, porém, acordei cismada com aquelas gotinhas. Ao me levantar, senti novamente descer mais gotinhas e, então, liguei para a emergência da midwife dizendo que suspeitava de que minha bolsa tinha rompido.

Frustração #1: Você VAI SABER quando estiver em trabalho de parto ou quando a bolsa romper, não se preocupe!

A midwife me pediu para ir até o consultório para exame. Tomei banho, troquei de calcinha e cheguei lá sequinha para o exame. Ela pegou um cotonete de cabo comprido e pontinha alaranjada e passou no colo de meu útero, para detectar líquido amniótico: NADA. Ela disse, então, que poderia ser que durante a noite meu corpo esquentava e ao me levantar parte do tampão mucoso que havia se liquefeito à noite, escorria. Eu pedi para levar um cotonete desses  pra casa, pra eu checar caso acontecesse novamente.

Minha irmã é médica (cardiopediatra) no Brasil. Quando contei pra ela, por whatsapp, o que tinha acontecido ela respondeu: "isso é bolsa rota, sim! Vá para um hospital!". Como as coisas aqui funcionam diferente do Brasil, eu precisava da indicação da midwife pra dar entrada no hospital e, pra isso, precisava de uma prova de que a bolsa tinha rompido. 

Passei o dia esperando uma "gotona" pra não desperdiçar o palitinho com o indicador. Naquela noite, às 21:45, estava deitada, senti novamente a gotinha e coloquei o palitinho imediatamente. Resultado: pontinha preta = líquido amniótico. Bingo! 
Minha bolsa estava rompida (há quase 48 horas). Ligamos para a midwife que disse: já que acabou de ser detectado, vamos assumir que acabou de acontecer e contar 24h a partir daqui para entrar com qualquer intervenção.

Frustração #2: Quando a bolsa rompe, é um aguaceiro danado! Não tem dúvida!

Eu insisti que tinha certeza de que não havia acabado de acontecer, pois foi a mesma sensação da quarta-feira e que gostaria de ir ao hospital o quanto antes. A bolsa rompida expõe o bebê a risco de infecções eu estava com medo. Marcamos então no dia seguinte, 8 da manhã, no Guelph General Hospital.


Fomos caminhando ao hospital

Mal consegui dormir aquela noite de tanta ansiedade. Acordei às 6 am, tomei um banho demorado, fiz hidratação no cabelo, depilei. Minha mãe, que tinha chegado naquela semana, bateu na porta do banheiro preocupada com minha demora e eu estava lá, calma e feliz, me embelezando para receber meu filho e ele me achar bonita! Saí do banho e não quis tomar café da manhã, pois não era bom parir de estômago cheio. Pedi pra minha mãe fazer arroz maria isabel pro almoço, quando eu voltasse com o bebê. Pensa numa pessoa otimista!!! 


Sexta-feira, 8 am: Dei entrada no hospital, mas só consegui leito na triagem às 10h. Depois que tive meu leito, fiquei deitada lá por um tempinho e comecei a sentir umas contrações leves e espaçadas. O Carlos e eu comemorávamos cada uma como quem comemora um gol da seleção na Copa! 

Como minha bolsa já estava rompida há muito tempo, chegamos* à conclusão de que o parto deveria ser induzido, já que eu não entrava em trabalho de parto naturalmente. Nesse caso, o cuidado principal passa a ser da obstetra e não mais das midwifes. As midwifes assumem novamente quando o bebê nascer. 


*eu disse "chegamos" porque aqui no Canadá, o paciente é quem decide tudo. O cuidador (médico ou midwife) indica as opções que você tem, prós e contra, e você escolhe. No meu caso, as opções apresentadas foram: induzir o parto ou esperar mais 24 horas pra ver se você entra em trabalho de parto. Não se mencionou a opção cesárea.

A médica, então, veio me ver e se apresentar. Eu perguntei pra ela se eu poderia ter o parto na vertical, para usar a gravidade como aliada na hora da expulsão do bebê. Ela fez uma cara estranha e perguntou se eu me referia ao "labor" ou "delivery". Eu confirmei: "aos dois!", toda natureba... Ela falou "tudo bem, mas na hora que eu falar pra você deitar, é pra você deitar!". E saiu. 
Na sala de espera do hospital

12h: Fui pra sala de espera, comi um pedaço de bolo de fubá que eu tinha feito, mas só consegui quarto às 15h. A essa altura eu já estava exausta, faminta e com enxaqueca. As enfermeiras estavam ocupadas e tivemos que esperar mais 2 horas no quarto. Durante esse tempo, o Carlos e eu ficamos dando voltas pelos corredores do hospital, ritmo de caminhada acelerado, na tentativa de ajudar o tal processo "natural"... Viramos piada das enfermeiras e faxineiras que nos viam passar quase correndo a cada 5 minutos. O trabalho de parto que aparentemente havia começado por volta das 10:30 da manhã, tinha desaparecido completamente. 



Frustração #3: Seu corpo saberá o que fazer!

17h: A enfermeira chegou, me "amarrou" na cama, conectada a uma máquina que monitorava as minhas contrações e os batimentos cardíacos do bebê. Hora de, finalmente, iniciar o soro com ocitocina, hormônio para induzir o tão esperado trabalho de parto!


Ela pegou o meu braço e disse "vc tem a veia alta, boa de pegar!". Primeira tentativa... Ops! Ela perdeu a veia "bem na hora que já estava quase lá"! Segunda e terceira tentativas... mesma coisa! Eu já frustrada de ver meu braço furado em vários lugares - e dolorido! Isso porque a minha veia era boa, ne?! 

Frustração #4: Você tem a veia boa, fácil de pegar! 

A coitada ficou tão mal que resolveu chamar outra enfermeira para aplicar, pois ela tinha desistido de me furar. A outra infermeira veio, conseguiu de primeira, graças a Deus!, e colocou o soro. Nessa hora eu já tinha a sensação que ficaria conectada pra sempre ali naquele soro e senti pena das pessoas que vivem em hospitais tomando remédio na veia. Pensei no Gus, meu amigo querido, que passou o fim de sua vida curta sofrendo horrores! 

Comecei a chorar, achando que ia morrer. A midwife, que apesar de não ser mais a responsável por mim naquele momento acompanhou tudo e foi maravilhosa, olhou bem pra mim e disse: "Lia, eu te prometo que você não vai morrer hoje! 100% de certeza que você não vai morrer hoje." Parece besteira, mas fez uma puta diferença pra mim. 

18h: A médica apareceu, juntamente com um estagiário, e os dois mediram minha dilatação: 3 cm. As contrações começaram, doloridas já. Entre uma e outra realmente havia uma folga de bem estar, até a outra contração. Sentia uma pressão horrorosa na lombar, não havia posição agradável, eu não podia andar e a cada mudança de posição era uma luta para encaixar os sensores novamente. Estava sem graça já, pois eu mudava de posição, a enfermeira ficava um bom tempo arrumando os sensores novamente no lugar e quando o sinal finalmente era bom, eu já queria mudar de novo. Não havia posição boa. As contrações começaram a ficar muito doloridas e demoradas - quase um minuto que parecia uma hora! Era muito difícil até continuar respirando, mesmo que essa fosse a instrução.


Frustração #5: Não há dor, só amor!

23h: Mais uma vez a midwife foi essencial. Conversava comigo durante as contrações, me animava. Arrumou até uma bola de pilates pra eu sentar, pois a dor deitada era de matar! Infelizmente, os sensores não ficavam no lugar quando eu estava na bola e, por isso, nao pude usar muito tempo. Fiquei em pé me balançando de um lado pro outro, ao lado da cama e do tal equipamento que monitorava tudo. Ela também me trouxe suco de laranja e bolacha água e sal, que foi como um banquete pra mim naquele momento. Já eram 11h da noite e eu estava praticamente o dia todo sem comer.

Na hora da contração ela me mandava abraçar o Carlos, de quem eu queria distância naquela hora. Eu olhava pra minha barriga enorme, queria o meu bebê fora dela, mas não via um jeito pacífico de se fazer isso. Disse para o Carlos que eu não queria mais engravidar, que o próximo filho seria adoção. Estava desesperada, sem ver um caminho bom para meu futuro próximo naquele hospital. 

~3 am: Depois de 10 horas de contração, 10 horas de trabalho de parto, a médica veio checar a dilatação. Ela e o estagiário novamente. Ele primeiro, ela depois. Resultado: 3 cm! Os mesmos 3 cm de antes! Disseram que eu estava tendo contrações ineficientes. Eram doloridas como as outras, mas não provocavam a abertura do útero. Excelente, não?! 

Frustração #6: Seu corpo saberá o que fazer!

Pra melhorar, a médica começou a arranhar o colo do meu útero para ajudar, acho. Mas aí começou a pior dor da minha vida! Antes, as contrações, por mais que doloridas que fossem, davam um momento de folga em que eu podia respirar aliviada mesmo que por alguns segundos. Porém, depois desse negócio que ela fez em mim, eu tinha as dores fortes das contrações e uma dor horrivel nos intervalos. Eu estava machucada! Traumatizada! Fraca! As dores eram horríveis e ininterruptas. Já estava desmaiando de dor, quando implorei pela epidural, me sentindo derrotada. A enfermeira havia oferecido a epidural outras vezes, mas eu relutei. Queria o mínimo de intervenção possível. Havia lido coisas horrorosas sobre as intervenções nesse processo "natural" que é o parto. 

Nessa hora, porém, eu estava entregue. Mais de 10 horas de trabalho de parto ineficiente, embora, extremamente doloroso tinham se passado e eu estava apenas com 3 cm de dilatação. A midwife me apoiou na decisão, disse que se existia algum caso para indicação de epidural, o caso era aquele meu. Havia uma fila de espera, mas eu tive prioridade por ser um parto induzido. 

Mito #7: Epidural é uma intervenção maligna, de mulher fresca.

4 am: O anestesista foi como um anjo. Lembro de flashes da presença dele, pois estava anestesiada de dor. Só sei que ele parecia um anjo. Eu deitei de lado, totalmente entregue e relaxei! Ele saiu, a midwife me disse para dormir um pouco. Eu continuava a sentir dor, claro que nada comparado ao terror pelo qual havia passado especialmente nas últimas horas (principalmente depois que a médica arranhou meu útero), mas sentia as contrações. Impossível dormir. 

Chamei a enfermeira e disse que ainda estava sentindo dor, que eu achava que a dose não tinha sido suficiente. Ela disse que fazia menos de 15 minutos que eu havia tomado a epidural e que levava um tempo para fazer efeito. Acontece que as dores só aumentavam e pedi, por favor, pra ela me dar um reforço. 
Ela disse que nunca tinha visto o médico dar reforço tão próximo da aplicação, mas que iria falar com ele.

Eu precisava ir ao banheiro e ela disse que era impossível, que eu não podia mais me levantar. Colocou um papel absorvente do lado da minha bunda e disse que eu podia fazer ali mesmo, deitada. Olha a situação!!! O Carlos então assumiu o posto, disse que ficaria ali comigo e ela saiu pra me dar mais privacidade e chamar a médica para ver se podia aumentar minha dose de anestesia.

Assim que ela saiu, e eu tentei relaxar. Nesse momento, senti o Davi saindo! Falei pro Carlos: está nascendo, corre e chama a enfermeira! É o Davi! É o Davi! Tive que fazer força de fechar a vagina durante as contrações, pois a minha impressão era que o Davi ia sair aquela hora.


A enfermeira voltou com a médica e o estagiário, de novo. Ele colocou a mão em mim, ficou um tempo lá, tirou sem me falar nada. Como das outras vezes. Veio, então, a médica. Ela encostou o dedo em mim e puxou imediatamente a mão de volta, dizendo: "Opa! Temos uma cabeça aqui!Está nascendo." O Carlos, coitado, olhou pra mim sorrindo querendo comemorar e eu disse, brava: "Para! Nós só vamos comemorar quando esse menino estiver nos nossos braços!".


Ás 5 horas da manhã de sábado, quase 24 horas depois da nossa entrada no hospital e de uma noite toda de dores terríveis, fizeram um semicírculo ao redor da minha vagina, todos olhando (duas enfermeiras, médica, estagiário, midwife e Carlos). A médica me pediu para colocar a mão para sentir a cabeça que já tinha coroado, mas eu não quis. Ela insistiu e eu acabei colocando a mão só porque estava todo mundo me olhando com cara de "como assim não quer sentir esse momento mágico?!"...


A médica, então, começou a mandar: Push push push STOP! Push push push STOP! little push little push STOP! E assim o meu filho foi saindo. Eu empurrava com todo meu útero, corpo e coração aquela criança até que às 5:21 am, ele escorregou todo e foi colocado imediatamente no meu colo, todo ensebadinho. Saiu fazendo xixi e assim que foi colocado no meu colo, fez cocô. O mecônio, um cocô escuro e preguento.

A dor dessa hora pra mim, não foi a da contração, foi uma sensação de queimar, de rasgar - o que de fato aconteceu em 3 lugares diferentes do meu períneo. A hora de passar a cabeça foi difícil, principalmente na parte do STOP. Depois tive uma folguinha de segundos, aí a hora de passar o ombro foi super dolorida também. Depois senti o resto do corpinho dele escorregar. Essa sensação sim, foi uma delícia!


O estagiário e a médica começaram a me costurar - sem anestesia! - enquanto eu tentava amamentar o meu filho com soro no braço e destreza de mãe de primeira viagem. 

Frustração #8: "após o nascimento não sentimos mais nada, só uma grande emoção de ouvir a criança chorar e amamentar."  >>> Mas isso é assunto pra um outro post! 

O Davi nasceu dia 14 de dezembro, 5:21 am, com 3,190 kg e 49 cm. Um menino lindo e eu sou completamente apaixonada por ele! 


Eu, no momento em que virei mãe
Como viram, o parto foi vaginal, mas nada "normal". 

quinta-feira, 20 de março de 2014

Sou a Lia, muito prazer!

Finalmente a ideia do blog saiu do papel e começou a ganhar forma! Acredito que será terapeutico compartilhar nesse espaço alegrias e dificuldades e filosofar sobre a vida, sem a menor pretensão de estar certa.

Sou uma mãe, mulher, brasileira (goiana), nessa ordem de importância. Estou morando no Canadá, fazendo meu doutorado aqui. Engenheira, casada, estudante, dona de casa. Penso demais, me preocupo muito mais do que gostaria, mas vivo em busca de paz interior. Tento ser uma pessoa melhor a cada dia e, por isso, estou em constante transformação. Um terapeuta me disse uma vez que tenho a racionalidade bem desenvolvida, mas meus sentimentos são selvagens e não tenho o menor controle sobre eles. Acho que ele tinha razão quanto a essa segunda parte e estou trabalhando nisso! Ultimamente, focada na evolução pessoal!!!

Ah! E nunca estou sozinha. Estamos nós: eu e a Estela, minha amiga de alma e minha irmã escolhida! Esse blog será sobre nossas vidas reais!



Sejam bem-vindos!

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

País desenvolvido

Desci num ponto de ônibus no meio de uma avenida estilo rodovia e precisava ir a um plaza do outro lado da avenida, mas não tinha faixa de pedestre e tive que andar empurrando o carrinho do Davi até um semáforo para atravessar.

Detalhe: não havia calçada pavimentada, o terreno da "calçada" era inclinado e cheio de plantas. Eu fiquei com duas opções ao descer no ponto de ônibus:

1) atravessar uma rodovia larga empurrando o carrinho do bebê;

2) andar com o carrinho por um terreno inclinado sem pavimentação e cheio de irregularidades por mais de um quilômetro até a pista de pedestre mais próxima.

Sim, isso aconteceu no Canadá.


domingo, 13 de outubro de 2013

Maternidade!


Por muito tempo, especialmente no primeiro trimestre de gravidez, eu senti um pouco de raiva e achei muita injustiça da natureza delegar exclusivamente para mulher essa tarefa árdua de gerar um bebê. Todos os desconfortos, as restrições, a responsabilidade pela vida do bebê são exclusivos da mulher! Isso não me pareceu justo, muito menos bom. Ao confessar certo dia que dava uma certa raiva do pai, por ser o "causador" de tanto mal estar, ouvi que não fazia sentido, pois "é um projeto de dois". Concordo! Um projeto de dois, mas que somente um trabalha e paga a conta. Justo isso, mãe natureza?!

E o primeiro trimestre passou. Com ele passaram também, graças a Deus!, o mal estar constante e o medo do bebê "não vingar" - que não entendo porque as pessoas aterrorizam as grávidas com essa ameaça, contando histórias de abortos nessa fase... Por que, gente?! Saber de histórias tristes com riqueza de detalhes, não traz nada de bom pra ninguém, não ajuda a evitar nada, já que não há o que se possa fazer pra evitar se for esse o caso. Enfim, parte do terror psicológico e grande parte do terror físico passaram.

A barriga, a partir de então, começou a tomar forma de "barriga de grávida", comecei a sentir o bebê mexer, descobri que é um menino e decidimos que vai se chamar Davi. Então, do espanto inicial fez-se o amor! Como num soneto da união. O Davi, que ainda nem nasceu, já faz parte da vida de toda família, já é amigo da Lidia, sobrinho preferido da Dadá (hehehe), neto, bisneto, primo e filho. Ele nem saiu da barriga e já é tão presente nas nossas vidas! É mágico! É amor em seu estado bruto.

Amo sentir ele mexer, soluçar, chutar. Acho divertido, engraçado e confortante! Ele me transfere, independente de onde eu esteja, para um lugar feliz e só nosso! E, nessa hora, sou abençoada! Senti-lo se revirar dentro da minha barriga, como que me dizendo que está bem, forte, feliz e saudável, é sensacional! Nessa hora, acho que a natureza foi, sim, é muito boa com a mulher, pois homem nenhum nunca vai saber o que é isso. É uma recompensa por toda a desordem física e emocional à qual somos submetidas.

Quero muito amamenta-lo e viver plenamente meu lado de mulher mamífera! E já sinto muito pelo Carlos, que também não irá compartilhar isso... E por todos os homens que nunca saberão o que é isso.

Estou muito feliz nesse estágio da gravidez: 29 semanas. Entramos no terceiro trimestre! Claro que estou com medo do parto e tenho pensamentos aterrorizantes, mas sigo buscando a sanidade mental acima de tudo. Estou me preparando para encarar ativamente um parto natural - oxalá! -  rápido e sem necessidade de intervenção médica. Eu e o Davi. Amparados, claro, por todo amor da família!

Maior amor do mundo!

Enxoval  vindo diretamente da casa da Dadá



Contando os dias!!!!!!

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Bife a parmegiana

Maravilhoso! Trabalhoso, mas valeu cada minuto e cada gota de suor... Passei boa parte de um domingão quente e ensolarado na beira do fogão. Feliz da vida!

Como comecei a cozinhar tarde, primeira coisa que fiz foi preparar um sossega leão pro Carlos. Afinal de contas, ninguém quer pessoas famintas atormentando a cozinheira, certo?! Preparei um pratinho com palmito cortado, baby cenoura e azeitona com caroço. Chorei um orégano por cima e coloquei do lado dele com uma cerveja gelada. Pense num homi de sorte!

Enquando o Carlos papeava com os pais no skype, petiscando o tiragostim, eu na cozinha com:

Ingredientes
Molho de tomate - caseiro! Refogue no óleo de canola uma pastinha de cebola e alho picadinhos na tábua e misturado com azeite e sal. Jogue tomate amassado sem pele (compro assim já) na pastinha cheirosa e refogada e deixe ferver misturando vez ou outra. Quando ferver, abaixe o fogo e deixe curtir um cadim.

4 bifes altos sem gordura
um prato com farinha de trigo
um prato com 3 ovos crus batidos
um prato com farinha de rosca ou farinha de milho 

Mussarela ralada ou em fatias
Presunto fatiado fino sem gordura (esse tava na receita original, mas eu nao coloquei)

Queijo parmesão bom ralado na hora.

sal e pimenta do reino
Assadeira untada com azeite

Modo de preparo
Corte-os ao meio na longitudinal, como um sanduiche, sem separa-los em duas partes. Chore um salzinho e pimentinha no meio (pouco). Preencha com mussarela e feche completamente, sem deixar queijo saindo pra fora. Faça isso nos 4 pedaços.

Agora é a vez de empanar! Passe cada bife fechadinho pela farinha de trigo, delicadamente. Depois molhe no ovo e, então, na farinha de rosca. Pode repetir o ovo e a farinha de rosca se ficar buracos na primeira tentativa.

Coloque os bifes empanados na assadeira untada com azeite e deixe no forno por pré-aquecido a 250°C (490 F) por 15 minutos. Após 15 minutos, vire os bifes cuidadosamente e deixe por mais 15 minutos do outro lado. 

Tire do forno e, delicadamente, coloque uma colher de concha de molho de tomate embaixo de cada bife. Sobre cada bife, coloque mais mussarela ralada e, sobre a mussarela, uma generosa porção de molho que deve escorrer ao redor de cada bife. Por cima do molho de tomate, queijo parmesão ralado. A vontade!

Aí é só colocar no forno novamente por 10 minutos e está pronto pra servir. O queijo em cima deve estar gratinado. Vejam as fotos do meu. Depois escrevo a receita desse acompanhamento de couve flor, que estava maravilhoso também.

É isso, já estou ficando com fome e são 11 pm... Vou dormir!







terça-feira, 16 de julho de 2013

Apareceu a Margarida

Como vocês podem notar, meu plano de manter o blog ativo não vingou... quem sabe agora vai, né?!

Tanta coisa aconteceu desde a última postagem, vou tentar escrever sobre minhas experiências mais marcantes alguma hora e deixar registrado aqui para a posteridade! rs

O que me leva, porém, a retomar hoje esse projeto é dividir com vocês - e deixar anotado pra mim - as minhas melhores receitas. Sim, eu serei uma mãe como a minha, que faz "comida de mãe". Sangue não é água, gente! Já imagino meus filhos falando "a melhor comida do mundo é a da minha mãe!", e não estarão mentindo!!! 

Gosto de assistir programa de culinária e, nessa brincadeira, resolvi fazer receitas mais sofisticadas que deram certo. Agora já estou numa fase criativa. Leio várias receitas diferentes, pego dicas aqui e ali, e monto a minha própria versão do prato! E é essa versão que quero deixar registrado, com fotos!, aqui. 

Pra começar, uma delícia light que comemos hoje no jantar. Aqui está muito quente, pra vocês terem  uma ideia, são 9:20 pm, e está 30 graus com sensação térmica 39. Note que são quase 10 da noite! 

Com esse calorão todo, vamos de SALADA:



Ingredientes principais
Cenoura ralada
Aipo picado fino (seçao transversal)
Tomate em cubinhos
Laranja cortada em cubinhos
Uva passas

Enfeite
Nozes picadas
Alface

Acho que rodelas de palmito combinariam muito bem aqui! Esqueci de colocar desta vez. Coloquei também abacate, mas acho que o sabor não apareceu tanto... Abacate combina mais em outras saladas, acho.

Tempero
Vinagre
Azeite
Sal

Misturei os ingredientes principais, temperei, coloquei uma folha de alface aberta no prato e coloquei a salada principal em cima dela. Por cima joquei nozes picadas pra dar um charme. 

Ficou linda e deliciosa! 






domingo, 29 de janeiro de 2012

Curling night



Este sábado fomos jogar curling! Eu, que já tinha assistido pela televisão e achado sem graça, fui sem grandes expectativas... Qual-o-quê! O negócio é divertidíssimo! Embora tenha revelado um lado perverso meu que eu nunca tive - ou, pelo menos, achava que eu não tivesse...

O jogo acontece numa pista de gelo em que tem marcado na extremidade dois círculos concentricos, o azul, maior, e o de dentro, vermelho. Cada time tem direito a jogar 8 pedras, uma pedra por time por vez, e o objetivo é atingir os círculos concentricos. No fim, quem tiver a pedra mais perto do centro dos círculos, vence. Um jogador lança a pedra, que desliza no gelo, enquanto os outros ficam com um rodinho esfregando o gelo para facilitar o caminho da pedra até onde se pretende que ela vá. São quatro jogadores por time.

Dito isso, vem o que eu achei mais divertido: se a pedra do time adversário consegue ficar na região que pontua (dentro dos círculos), você pode esfregar o gelo para facilitar a saída da pedra de lá (enquanto ela ainda está em movimento, claro), ou seja, você pode sacanear o adversário. 

Como nós, os jogadores, éramos todos amadores, era uma festa quando conseguíamos pontuar (deixar a pedra na região dos círculos). E era uma festa maior ainda, pra mim, quando o outro time vinha esfregando freneticamente para a pedra deles alcançar a região de pontuaçao e eu dava uma forcinha para que ela passasse direto! Eu me diverti mais tirando as pedras do adversário do que pontuando! Era tão engraçado ver a cara de decepção, frente à grande expectativa que era fazer a pedra chegar no círculo. Está aqui a minha confissão!

Outra coisa da qual eu não me orgulho, mas vou confessar, foi rir dos tombos alheios... Eu NUNCA, nunquinha, ri de alguém que caísse na rua. Aliás, eu nunca entendi porque as pessoas riem quando alguém cai. Sempre achei de um mau gosto extremo e quando eu via um tombo me despertava preocupação, só isso. Nunca vi graça nenhuma. NUNCA, até sábado no curling! hahahahahaha

Não sei o que me deu, mas só de lembrar, rolo de rir de novo! O primeiro foi de um italiano do meu time, que estava esperando a pedra que eu tinha lançado, para esfregar. Eu eu olhando. De repente, ele cai pra trás, numa daquelas quedas cinematográficas, pés para cima e costas curvadas no chão, o rodinho voa longe, no meio da pista do lado. O mais engraçado foi ver ele colocando a culpa no rodinho.

Depois uma canadense. Essa foi difícil de esconder, porque ela caiu pra trás ao jogar o rodinho pra mim - do outro lado da pista - ou seja, eu estava de frente pra ela e só vi os pés dela acompanharem a trajatória do rodo: pra cima! A mesma canadense caiu outra vez, mas eu perdi essa. Claro que ninguém se machucou gravemente e por isso foi engraçado. 

Só sei que me vi acordando hoje pela manhã às gargalhadas com a lembrança da noite. Descobri em mim esse lado que muita gente tem e que nunca entendi direito... Agora, sim, sei como é! 

Vou deixar vocês com algumas fotos do grande - e divertidíssimo - evento!


Os jogadores


Eu, num lançamento sofrível (reparem onde está a linha central, preta)



Carlos e o rodinho

Daniel 
Fim do jogo (reparem na calça do camarada ao lado)