quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

"Carolina é uma menina tão difícil de esquecer...

...andar bonito e um brilho no olhar
Tem um jeito adolescente que me faz enlouquecer
E um molejo que eu não vou te enganar"

Carol entrou na minha vida num domingo ensolarado pós-eleições pra presidente em 2004. Já chegou fazendo festa, aliás, acho que tinha mesmo que nascer em época de carnaval. Maria Carolina, Carol, é como o carnaval: acolhedora, democrática, avassaladora, linda, colorida e intensa.

Foi dia 25, eu sei bem, mas sei também que nunca é tarde para comemorar o amor, a amizade e a alegria.

Parceira de tantas aventuras que já perdi a conta. Companheira na farra e na dor. É irmã. Irmã-mãe, eu diria. Chama atenção quando acha que tem que chamar, mas respeita nossas escolhas. É amor incondicional isso, né?! Ela pratica a aceitação completa do outro, sem exigir que ele seja diferente do que é. Isso, minha gente, por si só, já a coloca num patamar de evolução acima de quase todos nós.

Estar perto da Carol é tão agradável, mas tão agradável, que ela naturalmente se tornou parte de todas as minhas turmas. A turma do prédio, da faculdade, do basquete, do samba, de Goiânia, do parque... sabem quem, além de mim, pertence a todas elas?! A Carol.

Amiga linda, obrigada por tantas aventuras, por tanto companheirismo! Obrigada por tanta coisa boa que trouxe/traz pra minha vida, por fazer da sua família - e que família maravilhosa!, a minha. Que você continue espontânea e generosa! Que continue sendo o amor e aceitação de que o mundo tanto precisa. Você é necessária e eu sou muito grata pela nossa jornada juntas, pra sempre.

Não há distância, não há tempo que diminua meu amor por você e pelos seus! Feliz a Liz e todos que te rodeiam. Vida longa e iluminada, minha irmã.

Te amo!

Sobre consentimento

"Ó Janaína quando estou feliz eu choro
Ó Janaína deixa eu dormir no seu colo"

Ciranda pra Janaína (Kiko Dinucci) tocava baixinho enquanto eu preparava o café da manhã. Davi, que me acompanhava, comenta:

- Se ela não querer (sic), ele tem achar outro lugar pra dormir.

- O quê, filho? - perguntei sem entender do que ele falava.

- A Janaína. Se ela não querer (sic), ele pode dormir na cama, né?!

Davi, 5 anos, sabendo mais sobre consentimento do que muito marmanjo aí.


https://www.youtube.com/watch?v=kcC25Zc9MO0




terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

"Não se admire se um dia...

...um beija-flor invadir
a porta da sua casa
te der um beijo e partir.
Fui eu que mandei o beijo
que é pra matar meu desejo
Faz tempo que não te vejo
Ai que saudade d'ocê!"

Eu cantava e ela performava coreografia num show improvisado para minha família. Tinhamos, o quê?!, 13, 15 anos?! Não lembro. Lembro que já éramos consideradas "velhas" pra esse tipo de coisa. Mas a graça estava exatamente aí: na inocência tardia. Enquanto todo mundo se preocupava em parecer maduro, a gente se divertia com a nossa infantilidade aparente. Eu e ela, a Gabi. Gabi Tetê, Gabriela Tereza Domingues Perez Andraus. Gabi Di Caprio. Eu, Lia Reeves.

Lembro-me como se fosse hoje o dia em que ela saiu de Goiânia pra morar em El Salvador. Chorei feito a adolescente de coração partido que era. Minha irmã de alma, minha irmã gêmea partia para longe. Aquela que topava tudo sempre. A minha companheira de fazer arte e bolo - o de laranja dela era sempre o mais gostoso. A responsável pela minha primeira - e talvez única? - bronca na escola (Colégio Marista, 7 série, acho).

Gabi foi morar longe, mas continuamos a nos falar frequentemente por cartas - de papel. Depois veio o meio digital de comunicação, mas nunca fomos boas nisso, né não, Gabi?! Já ficamos anos sem nos falar, mas nossas almas nunca se afastaram. Cada vez que nos falamos -poucas vezes - é como se o tempo não tivesse passado. E acho que amizade verdadeira é assim. Apesar da idade avançando (n-n-new generation), dos filhos crescendo, da vida se tornando cada vez mais real, a gente volta sempre àquele lugar onde moram nossas crianças.

Sei que estou muito atrasada (queria ter te mandado uma mensagem de aniversário), mas sei também que não importa. Quero te dizer, Gabi, que carrego muito de você em mim. Até hoje sei sorrir do seu jeito, fazer a sua cara e sentir como me sentia quando passávamos dias e dias grudadas. Você é uma alminha tão boa!

Obrigada por existir, por fazer parte da minha família e da minha vida. Obrigada por me aceitar por inteiro e não deixar minha ausência afetar nossa amizade. Obrigada por me causar dor na barriga de tanto rir. Te amo, ou!

"Horizonte azul, vermelho
Luzes a brilhar..."

domingo, 27 de janeiro de 2019

Cocriando a realidade (ou lições do Prem Bento)



Davi e Bento estão numa fase competitiva. Tudo se torna uma disputa pra ver quem faz/chega primeiro. Eu, confesso, algumas vezes uso isso para conseguir o que quero mais facilmente, tipo:

- Quem guardará mais brinquedos hoje?
- Hora do banho, quem chegará primeiro ao banheiro?
- Quem será o primeiro a colocar o pijama?

Ao que eles repondem rapidamente e juntos:

- EU! - e começam a fazer o que devem. Normalmente uso esse incentivo depois de já ter pedido uma vez sem sucesso.

Nas outras vezes, porém, essa competição só resulta em brigas e choradeiras, porque, óbvio, o perdedor sempre se ressente em alto e bom som. 

Bento, porém, acabou de me dar uma lição de vida, que quero compartilhar. 

Fui colocar o saco de lixo na lixeira que fica em uma porta do outro lado do longo corredor do andar onde moro. Da nossa porta até a lixeira dá uns - o quê? - 100 metros rasos. Saindo na porta, Davi já adiantou:

- Bento, eu vou ganhar, tá?! Você vai perder.

- Por quê? 

- Porque você precisa perder. - Davi esclarece.

- Não, eu não preciso. Eu vou ganhar.

Abro a porta e começam a correr, Davi na frente gritando:

- Eu to ganhando.

Bento, atrás, comemora:

- Eu to ganhando! Eu to ganhando! 

Davi, puto, ainda tenta acabar com a festa dele:

- Não, você ta perdendo. Você perdeu! Você perdeu!

Mas de nada adianta. Bento está em êxtase comemorando sua vitória. Felicidade inabalável.



sexta-feira, 20 de abril de 2018

A novela da minha vida

Davi começa a cantar baixinho, voz suave:

- Bento cocô, Bento cocô...

Bento chora copiosamente falando:

- My não cocô. Não! My não cocô.

Eu interfiro:

- Não, filho, vc não é cocô. Davi, PARA, filho.

Davi para.

Bento ainda com olhos cheios de lágrimas, entoa baixinho com voz suave:

- Davi cocô, Davi cocô...

Davi chora copiosamente:

- Eu não sou cocô. Não! Eu não sou cocô.

Interfiro.

E assim sucessivamente.

terça-feira, 13 de junho de 2017

Davi e sua sabedoria ancestral

Davi:

- Mummy,  I want a train cake. Blue. Com gudão.

- Com o quê?! - perguntei esperando ouvir "algodão".

- Guidão, mãe, pra dirigir.

- Nossa, filho! Mas aí fica muito difícil de fazer.

- I can help you, mummy.

E continuou, gesticulando com as mãozinhas:

- We take o difícil, cut it into little pieces e fica fácil.


terça-feira, 6 de junho de 2017

Dicas que efetivamente me ajudaram no parto natural

Quero compartilhar umas coisas que aprendi no livro Mindful Birthing e que me ajudaram MUITO a passar pela experiência de um parto normal sem anestesia e com máxima consciência. Para quem estiver prestes a passar por isso, seguem as técnicas para que o parto seja sem sofrimento, embora dolorido - o que é inevitável, dado à brutalidade natural de um parto.

- A dor da contração é uma dor transformacional, as fibras musculares do útero estão mudando a forma para possibilitar a abertura de seu colo e a expulsão do bebê. É uma contração/expansão. Encare dessa maneira, tente visualizar a abertura, a expansão. Cada contração é um passo mais perto que vocês estarão de conhecer a carinha do bebê de vcs.

- Não resista à dor. Dê boas vindas a ela. Tente localizar onde exatamente ela acontece (baixo da barriga, meio, lombar, etc). Na hora da contração, esteja mentalmente presente, sinta com curiosidade essa transformação que está acontecendo dentro de você e que está trazendo seu filho até vocês. Visualize. Investigue com atenção.

- A contração do trabalho de parto é semelhante a uma coceira, no sentido em que começa com baixa intensidade, atinge um pico, e depois reduz a intensidade até seu completo desaparecimento, como uma onda. (curiosidade: se resistirmos a coçar no pico da coceira, veremos que uma coceira também desaparece) Esse ciclo todo da contração dura de 45 a, no máximo, 90 SEGUNDOS, sendo que o pico dura uns 5 segundos. E é por esse tempo que vc terá que sentir a dor. Depois ela desaparece COMPLETAMENTE até a proxima.

- Aproveite o intervalo entre as contrações. As contrações ocorrem com um intervalo entre 4 a 3 minutos (na fase ativa do parto). Esse tempo não é simplesmente um tempo "sem dor". É um tempo de profundo relaxamento e alívio. Profundo prazer. A mais poderosa de todas as drogas! Esteja mentalmente presente para curtir isso. Tente perceber essa sensação que é única e maravilhosa. Para isso, respire. (eu lembro de eu focada na respiração entre as contrações e repetindo o mantra "aproveita o intervalo. aproveita o intervalo.", com isso eu passei a madrugada toda)

- Respire. Respire. Respire. E foque na respiração. (Isso é o que vc, Pai/Acompanhante, terá que lembrá-la, porque na hora que dá o desespero da dor a tendência é resistir e fugir de alguma maneira. Mulher, foque na sua respiração e estará completamente presente e consciente.

- Na hora que pensar "Não aguento mais!", é hora de um banho quente. Chuveiro! Água morna tem um poder absurdo de aliviar a dor! (passei dos 4 aos 7 cm debaixo do chuveiro)

- Faça o que seu corpo quiser. Escute o seu corpo. (eu, por exemplo, não fiquei deitada nem 1 minuto sequer. Nem pra parir, meu parto foi na vertical mesmo) Se quiser gritar, grite. Esteja com sua atenção totalmente voltada para você, para sua respiração, para o seu útero, que saberá o que precisa fazer. NÃO SE REPRIMA.

- Uma contração por vez. Não pense em quanto tempo durará cada fase do parto. Apenas receba uma contração por vez. Respire junto a ela e passe por ela. Uma, apenas uma. Por vez. 45 segundos. Você consegue!!!! RESPIRA.

- A mudança entre as fases do parto (ativo pra fase de expulsão) é nítida! Isso eu achei animal nos dois partos. Tem uma hora que você vai precisar empurrar, vai QUERER empurrar, vai sentir uma necessidade incontrolável de empurrar junto com as contrações. Antes dessa fase, você só sentirá que precisa "sobreviver", respirar, esperar e curtir o intervalo! (sério, não deixe de curtir esse estado indescritível de êxtase que é o intervalo entre contrações)

- Na fase de expulsão (que pode ser sentida como se quisesse muito fazer cocô), as contrações são mais frequentes, intervalos mais curtos - o que é bom, acredite! - e você vai fazer força de fazer cocô. Você quem vai querer fazer isso. Será inevitável. Apenas não se reprima!

- Na saída do bb, vc vai sentir uma pressão muito forte abrindo seu corpo. Nessa hora, RESPIRE. E pense que seu bebê ja está MUITO perto (tão perto que, nessa fase, você pode literalmente tocá-lo). Em muito pouco tempo você terá ele no seu colo. ❤ ❤  Eu achei essa a dor mais forte, beirando o insuportável, mas é o grand finale! E passa rápido. Parte do corpo do seu filho já estará pra fora e a vontade de vê-lo por inteiro te dará força para resistir bravamente.

Aí, meus amados, é só amor!!! É muito amor! É uma explosão de amor.

- Tem o parto da placenta também, mas é outro nível de dor. Pra quem acaba de parir um ser humano completinho, a placenta é mole. Literalmente.

- Durante o trabalho de parto, talvez a mulher precise de contato físico com o pai. Pegar forte na mão, carinho, massagem. Talvez prefira a distância. Não dá para prever. Pai/acompanhante, esteja lá atento para atender ao que ela precisar. Mulher, você manda!

- Bater papo pra distrair não é bom. O bom é focar no presente, na respiração, no interior. Vivenciem o presente.

Desejo toda a sorte do mundo para os que estão prestes a passar por isso! Que o parto seja o mais tranquilo possível! Dizem que tem mulher que dá à luz sorrindo e é isso que desejo a todas as mulheres! Ah! O livro falava isso mesmo, pra tentar sorrir durante as contrações. Parece que ajuda, mas eu nao consegui. Eu focava na respiração e só.

Boa sorte e me coloco sempre disponível a dividir minhas experiências sobre qualquer assunto relativo à maternidade, puerpério, amamentação, pós-parto, etc. Estamos juntas, mulherada!