Eu não me considero (mais) uma pessoa intolerante com discordâncias de qualquer natureza, inclusive política. Acho que diferentes visões de um mesmo assunto são importantes, possibilitam a evolução dos envolvidos, nem que seja a evolução pessoal de aceitação dessas diferenças.
Quando disse ontem que não entendo como alguem que tenha assistido o julgamento do impeachment no Senado, continuar defendendo o golpe, não quis dizer, hora alguma, que não entendo quem não goste do governo da Dilma. Ao contrário, no mesmo post, eu ressalto que o governo da Dilma teve inúmeros erros e está longe da perfeição, que, convenhamos, não existe. O que eu me esforço para entender é como alguém, instruído, que estudou na sua formação secundária os efeitos do golpe de 64, se compactuar com o impeachment de uma presidenta honesta.
Chamar a Dilma de criminosa, sem que absolutamente nenhum crime cometido por ela tenha sido comprovado, é de uma injustiça de doer meu estômago. Achar que isso é tolerável em nome do "bem do Brasil" é desumano. Além do mal a ela própria ainda ignora escolha da maioria da população em 2014. Isso sim eu chamo de democracia seletiva. O que o povo votou não vale, o que vale é a farsa que os corruptos (muitos acusados de crimes bem piores, como corrupção, enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro, contas comprovadas em paraísos fiscais, etc) criaram para tirar aquela de quem você não gosta.
E depois dizer que é a esquerda que é intolerante. É o PT que não quer sair do poder. Não tem a menor lógica esse raciocínio.
Se estava insatisfeito com o governo dela a ponto de não suporta-la nem um minuto no poder, que pedisse eleições antecipadas. Que parasse o Brasil até que houvesse novas eleições. Isso, sim, seria uma abordagem legitima do problema. Agora compactuar com uma farsa, um crime inventado atribuido a uma pessoa honesta, isso não. Isso já ultrapassa a esfera de discordância política. É a lei do vale tudo para conseguir o que eu quero, de os fins justificam os meios.
Pra mim, a pessoa que age dessa forma - do vale tudo, o que importa é o resultado final - é uma pessoa capaz de atropelar quem estiver no seu caminho, como atropelaram a constituição ontem. É uma pessoa que recorre à trapaça para que ela saia favorecida, para que prevaleça sua vontade. Pois foi exatamente isso que aconteceu. Muitos até afirmaram claramente: "ficou claro no Senado que não há crime de responsabilidade, mas a população já não quer mais a Dilma e será melhor para o país que ela seja afastada". Nem disfarçar que acredita no crime que nunca existiu precisa mais, pois o que importa é o bem do país. E, para o "bem do país", vale tudo.
É disso que estou falando. É isso que tenho dificuldade imensa de entender.
Outra coisa que não consigo achar bem intencionado ou inteligente, é dizer que quem votou na Dilma que colocou o Temer na presidência. Todos sabem que no Brasil vota-se no plano de governo. E Temer, ao ser dispor a ser vice da Dilma, explicitamente concordava com o plano que foi votado. Se tem culpado pelo Temer estar na presidência é, obviamente, ele, que se associou à oposição para articular o golpe e quem apoiou o #Fora Dilma a qualquer custo. Não me venha dizer, por favor, que quem votou na Dilma, votou no Temer na presidência. Poupe-me dessa ignorância.
Sei que ainda estou longe de atingir o nirvana no quesito desapego e tolerância, mas já andei um longo caminho e tenho total segurança para afirmar meu respeito absoluto por discordância política ou qualquer outra no plano das ideias. Quando o ataque é pessoal e injusto, ai, sim, ainda preciso caminhar muito!
PS: Essa demonização do PT é uma coisa muito perversa, patológica até e que não faz o menor sentido. Todo mundo sabe que em qualquer grupo de pessoas, há divergências. Qualquer meia dúzia de gente que se junta, há os realmente preocupados com o bem comum e os preocupados com o próprio bem acima de todos, há os honestos e os desonestos. Em qq grupo de pessoas e, obviamente, em qq partido político. Não achei que seria necessário mais falar isso, mas o PT não inventou a corrupção e a corrupção não será erradicada eliminando essa "praga". Essa é a ideia que os maiores corruptos querem que você acredite, pois uma vez o PT fora, vc fica satisfeito e tudo volta à normalidade. Não estou, com isso, adotando nenhum corrupto de estimação, só estou mostrando o mal que essa ideia convenientemente implantada causa.
sábado, 30 de abril de 2016
sexta-feira, 29 de abril de 2016
Dilma guerreira!
Eu realmente não entendo como alguém, com um mínimo de instrução, que tenha assistido ao julgamento do impeachment no Senado (acusação e defesa) ainda defenda o golpe. Entendo que o governo da Dilma tinha muitos problemas, mas no regime em que vivíamos deveríamos esperar as eleições para tirar um governo ruim. Acusá-la de crimes que ela claramente não cometeu é de uma injustiça de revirar o estômago! OS FINS NÃO JUSTIFICAM OS MEIOS. Pensem: por que a votação do impeachment na Câmara foi amplamente televisionada, com muitos de vocês acompanhando os discursos dos deputados, e no dia em que a presidenta vai ao Senado, a programação corre normal? A sabatina que fizeram durante quase 15 horas com a Dilma, essa sim, deveria ter sido amplamente televisionada, dando a oportunidade para a população ouvir acusação e defesa, não acham? Peço que assistam esse pequeno vídeo que mostra rapidamente um pouco do que foi acusação e defesa, e pensem: de que lado da história você quer estar?
Pra quem quiser entender melhor todo o processo, sugiro a síntese didática feita pelo Cardozo no Senado:
https://youtu.be/i6x8mvxwK_w
À Dilma, toda minha admiração e todo meu amor! Mulher de fibra, guerreira, que deu um show de resistência e dignidade.
PS: Eu sei que os meus posts políticos não fazem o menor sucesso, e muitas vezes, desde meus tempos de bixete na Poli, sou tida como "A chata" quando toco no assunto. Sei que quase todos me ignoram e, por isso, pensei em não escrever nada e fingir que nada está acontecendo. Porém, ao chegar hoje na universidade, recebi a visita na minha sala de um professor de muito prestígio aqui, que veio me dizer que sente muito pelo Brasil, que ficou claro pra ele que a corrupção é institucionalizada aí e que o senado tirou a única pessoa que fez alguma coisa efetiva para acabar com isso. Não consegui focar no trabalho aqui, sem fazer esse desabafo.
sexta-feira, 8 de abril de 2016
Obrigada, mãe!
Hoje minha mãe me disse que gostaria de ter deixado um comentário no post "Quebrando o transe" dizendo que estou meio caminho andado, pois percebi que passar 40 minutos no limpando o fogão é uma fuga e que só o fato de SABER disso já é uma evolução.
Fiquei pensando nisso. De fato, eu sinto uma necessidade real de tudo limpo e em ordem ANTES de começar a trabalhar. Pra mim, é muito difícil trabalhar com a casa suja, por exemplo. Fico realmente incomodada, não consigo concentrar. A gaveta desorganizada, então, é desordem mental. Não consigo focar em outra coisa até resolver aquele problema universal primeiro.
Isso tudo eu realmente sinto. É quase que um desconforto físico. Mas acho que finalmente entendi que isso é pura fuga. Por mais que seja óbvio pra todo mundo que vê de fora, a sensação de incapacidade de me concentrar no trabalho porque determinada coisa não estava do jeito que eu acho que deveria é real. E, por isso, eu não conseguia ver como fuga. Honestamente. Eu sentia como "First things first": as coisas mais importantes em primeiro lugar! E organizar o espaço, pra mim, naquela hora, era mais importante.
Por isso, tenho que concordar com a minha mãe. A percepção de que isso tudo não é real e, sim, uma fuga é, definitivamente, um grande avanço. É o primeiro e necessário passo.
Estou escrevendo isso para mim mesma. Para eu não me esquecer: essa sensação - quase física, repito - de dar importância exagerada a coisas não urgentes é uma fuga. A sensação, por mais real que seja, não representa uma verdade, não é a realidade. É, simplesmente, fuga.
Outra coisa que tenho que quero registrar é que essa percepção é, sim, uma evolução. Evolução que não resolve o problema, mas é parte obrigatória da solução.
Obrigada por ter me chamado atenção pra isso, mãe!
Fiquei pensando nisso. De fato, eu sinto uma necessidade real de tudo limpo e em ordem ANTES de começar a trabalhar. Pra mim, é muito difícil trabalhar com a casa suja, por exemplo. Fico realmente incomodada, não consigo concentrar. A gaveta desorganizada, então, é desordem mental. Não consigo focar em outra coisa até resolver aquele problema universal primeiro.
Isso tudo eu realmente sinto. É quase que um desconforto físico. Mas acho que finalmente entendi que isso é pura fuga. Por mais que seja óbvio pra todo mundo que vê de fora, a sensação de incapacidade de me concentrar no trabalho porque determinada coisa não estava do jeito que eu acho que deveria é real. E, por isso, eu não conseguia ver como fuga. Honestamente. Eu sentia como "First things first": as coisas mais importantes em primeiro lugar! E organizar o espaço, pra mim, naquela hora, era mais importante.
Por isso, tenho que concordar com a minha mãe. A percepção de que isso tudo não é real e, sim, uma fuga é, definitivamente, um grande avanço. É o primeiro e necessário passo.
Estou escrevendo isso para mim mesma. Para eu não me esquecer: essa sensação - quase física, repito - de dar importância exagerada a coisas não urgentes é uma fuga. A sensação, por mais real que seja, não representa uma verdade, não é a realidade. É, simplesmente, fuga.
Outra coisa que tenho que quero registrar é que essa percepção é, sim, uma evolução. Evolução que não resolve o problema, mas é parte obrigatória da solução.
Obrigada por ter me chamado atenção pra isso, mãe!
quarta-feira, 6 de abril de 2016
Quebrando o transe
Ontem estava sendo um daqueles dias de ansiedade. Em casa, sabendo que tenho que trabalhar muito, ansiosa por saber das minhas obrigações e sem fazer nada do que deveria. Ao contrário. Compulsivamente, comi 10 quadradinhos de chocolate. Tomei café da manhã e almocei na sequencia, naveguei no facebook, conversei no whatsapp, mas nada disso foi prazeroso. Aquela sensação de estar fazendo a coisa errada estava ali. Sempre.
Começou a dor no olho esquerdo, princípio de enxaqueca. Eu, mentalmente, me convencendo que merecia uma lata de leite condensado. Mais que merecia, precisava. Um transe terrível em que eu era, passivamente, a vítima, e não conseguia fazer nada a respeito a não ser sentar e abrir a lata de leite condensado. E o dia passando rapidamente.
Resolvi começar a organizar a casa. Coloquei coisas no lugar e fui pra cozinha. Lavei tudo. Arrastei o fogão, limpei paredes e chão embaixo do fogão. Tirei todas as bocas do fogão e as lavei. Lavei a plataforma embaixo delas também. 40 minutos limpando fogão, apenas. Apenas o fogão.
Senti-me um pouco melhor. De certa maneira, rompi o transe que me levava ao leite condensado. Fiz alguma coisa útil, mas ainda não meu doutorado.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIoXRIJU-fwBScRMrhmMqbnPPhP32vRYEwPseOyXgV2wlpyk_CD2GcSXnq6I_VSgYSOWTU6Vmly4wm-5Ib7Qy_pvL_TsBGUMjhvCn9mMQ25f3iZgOb0HbV4WaJhtLzG4D965qJf2Tgie8/s320/IMG-20150827-WA0011.jpg)
Resolvi começar a organizar a casa. Coloquei coisas no lugar e fui pra cozinha. Lavei tudo. Arrastei o fogão, limpei paredes e chão embaixo do fogão. Tirei todas as bocas do fogão e as lavei. Lavei a plataforma embaixo delas também. 40 minutos limpando fogão, apenas. Apenas o fogão.
Senti-me um pouco melhor. De certa maneira, rompi o transe que me levava ao leite condensado. Fiz alguma coisa útil, mas ainda não meu doutorado.
terça-feira, 5 de abril de 2016
Peso
segunda-feira, 4 de abril de 2016
O Retorno
Bento, 2 meses |
e a luz dos olhos seus
resolvem se encontrar...
Ai que bom que isso é, meu Deus"
Esse é o Bento. Um anjo que veio morar em mim e comigo, pra sempre. O irmão mais novo do Davi, outro anjo que já me habita há mais de 2 anos. Sinto-me extremamente abençoada por tê-los em minha vida! E é principalmente por eles que me esforço para ser uma pessoa melhor a cada minuto. Nem sempre sou bem sucedida, ainda tenho um caminho longo a percorrer para ser a mãe que eles merecem. Mas estou me esforçando e sendo muito bem recompensada nesse caminho.
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Davi, 2 anos e 3 meses |
Isso me atordoa. Fico pensando na quantidade de gente que começou o doutorado na mesma época que eu e já terminou. Passo perto dos lugares que íamos juntos e penso que teve um tempo em que estávamos todos na mesma situação. E era bom! Aos poucos a população na universidade foi mudando de cara e meus amigos mais chegados já seguiram seus caminhos. Enquanto eu fiquei pra trás. Sei que nao é verdade, pois tenho os meninos, mas é uma sensação que vem e me assola.
Esse fim de semana, comentei sobre isso com uma mulher mais velha. Suas duas filhas tem 20 e 23 anos. Ela me lembrou, sabiamente, que daqui a alguns anos meu doutorado vai importar pouco, mas meus filhos... Ah, meus filhos!
É bom ser lembrada dessa verdade, mas agora o doutorado ainda é grande parte de mim e uma parte que preciso enfrentar e resolver. Pelo meu bem e bem dos meus meninos também! Vamos, Lia! Ânimo!!!
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Nós |
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