Meninos brincando na sala e eu trabalhando no sofá. Paro um instante para curtir o calorzinho gostoso do sol na minha perna, deito a cabeça no sofá e fecho os olhos. Imediatamente, Davi corre pro meu lado:
- Mãe, abre o olho. Não pode fechar o olho. - diz preocupado.
- Por que não, filho?
- Porqueee...
Fica um momento calado, olhando para os lados, como quem procura alguma coisa, olha pra janela e diz:
- ... it's sunny outside.
quarta-feira, 7 de dezembro de 2016
quinta-feira, 1 de dezembro de 2016
Força de vontade
Sempre imaginamos a força de vontade como um esforço enorme que temos que fazer contra alguma coisa potencialmente negativa, exemplos: não comer aquele doce quando se quer perder peso, não assistir ao terceiro episódio seguido daquela série do Netflix quando deveria dormir cedo, não abrir o site de notícias ou o facebook quando precisa trabalhar, não mandar mensagem para aquele gatinho quando sabe que ele não te valoriza o suficiente, não gritar com o filho, etc. É sempre uma força de RESISTÊNCIA a algo que impulsivamente fariamos, sem considerar o impacto a longo prazo daquilo. Conter o prazer ou o alívio imediato para se manter coerente a um objetivo de vida maior, de médio e longo prazo.
Uma inversão de perspectiva pode, oxalá, ajudar na hora de nos mantermos firme no propósito maior: enxergar a força de vontade como a força do que é desejado. Por exemplo: perder peso mesmo diante de um chocolate, começar a trabalhar e dormir cedo apesar das distrações, etc.
Vou tentar perceber a minha força de vontade como a força do meu objetivo maior, a força daquilo que eu quero a longo prazo. Vamos ver se ajuda alguma coisa.
Vou tentar perceber a minha força de vontade como a força do meu objetivo maior, a força daquilo que eu quero a longo prazo. Vamos ver se ajuda alguma coisa.
sexta-feira, 4 de novembro de 2016
O quereres
Davi está com menos de 3 anos e anda muito desafiador. Sabe exatamente, com toda a convicção dos terrible twos, o que quer e o que não quer e deixa isso bem claro. A cuidadora dele me contou ontem que na hora de guardar os brinquedos todas as crianças estavam ajudando, menos ele. Ela mandou que ele ajudasse e ele respondeu firmemente encarando-a:
- Eu não quero guardar os brinquedos.
- Se vc não ajudar, vai ter que guardar tudo sozinho.
- Eu quero guardar tudo sozinho.
As outras crianças, que pacientemente organizavam o ambiente, pararam e disseram, uma após a outra:
- Eu quero guardar sozinho!
- I wanna tie up alone - disse até a mais pequenininha deles.
A cuidadora não podia afirmar com certeza, mas disse que até o Bento balbuciou alguma coisa nesse sentido.
Davi, obrigada por nos proporcionar diariamente oportunidades de evolução pessoal, mas vem cá, está muito cedo pra virar adolescente, tá não, filho?! rs
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
O resgate do Sagrado Feminino
Pela primeira vez na vida, sinto a necessidade consciente de resgatar o meu feminino e fazer as pazes com ele. É um processo, uma busca, uma caminhada para o desconhecido.
Cresci no meio de meninos, brinquei de luta, joguei bola, basquete, sempre fui boa de matemática, fiz engenharia, vivi intensamente, por um tempo, a vida boêmia, dirigia sozinha, destemida e agressivamente ("educando" ou outros motoristas, na minha egocêntrica visão) em São Paulo a qualquer hora do dia ou da noite e em qualquer região da cidade. Enfim, fiz várias coisas consideradas mais masculinas que femininas. E me orgulho disso. Me julgava racional e achava o máximo isso.
Muitas coisas foram acontecendo ao longo da minha vida e hoje consigo conectar alguns acontecimentos que me levam ao ponto em que me encontro hoje. Mas acredito que a gente só muda, qualquer aspecto da vida, quando a mudança vem de nós mesmos, de dentro. Pouco adianta alguém te falar o que você deve fazer, no fundo a gente só faz o que a gente quer. E o que a gente quer nem sempre é o que a gente acha que quer.
Sempre tive o ciclo menstrual irregular, muito irregular, do tipo de ficar menstruada pouquissimas vezes no ano (teve uma ano em que fiquei menstruada somente duas vezes). E intimamente achava isso até bom, porque ficar e estar menstruada não é a coisa mais prazeirosa do mundo mesmo. A única coisa que realmente me incomodava - extremamente! - era sempre achar que estava grávida (isso mesmo lá atrás, mesmo antes de ter vida sexual ativa, loucura mesmo!).
Em algum momento há quase 20 anos, comecei a ter enxaqueca. Tenho - numa frequencia que varia de semestral a semanal, dependendo da fase da vida - crises horríveis de enxaqueca. Dor e desconfortos incapacitantes. Meu dia de enxaqueca é perdido e o dia seguinte é de ressaca. Sensação de que minha alma quer se ejetar do meu corpo, que a expulsa com toda força que tem.
Já fiz todo tipo de tratamento que me foi recomendado: remédios alopáticos, homeopáticos, terapia, acupuntura, EFT e até regressão espiritual. Tudo que dizem que pode ajudar, eu tento com toda a minha fé e (des)esperança. Nada até agora eliminou a danada.
Tive a intuição de que o caminho para me libertar talvez passe pelo resgate do meu feminino, o nosso sagrado feminino. Aquilo que une a todas nós.
Veremos!
PS: Comecei a meditar a respeito desse tema, ouvir músicas do resgate do sagrado feminino e - coincidência ou não - fiquei menstruada na mesma semana em que comecei esse processo.
Cresci no meio de meninos, brinquei de luta, joguei bola, basquete, sempre fui boa de matemática, fiz engenharia, vivi intensamente, por um tempo, a vida boêmia, dirigia sozinha, destemida e agressivamente ("educando" ou outros motoristas, na minha egocêntrica visão) em São Paulo a qualquer hora do dia ou da noite e em qualquer região da cidade. Enfim, fiz várias coisas consideradas mais masculinas que femininas. E me orgulho disso. Me julgava racional e achava o máximo isso.
Muitas coisas foram acontecendo ao longo da minha vida e hoje consigo conectar alguns acontecimentos que me levam ao ponto em que me encontro hoje. Mas acredito que a gente só muda, qualquer aspecto da vida, quando a mudança vem de nós mesmos, de dentro. Pouco adianta alguém te falar o que você deve fazer, no fundo a gente só faz o que a gente quer. E o que a gente quer nem sempre é o que a gente acha que quer.
Sempre tive o ciclo menstrual irregular, muito irregular, do tipo de ficar menstruada pouquissimas vezes no ano (teve uma ano em que fiquei menstruada somente duas vezes). E intimamente achava isso até bom, porque ficar e estar menstruada não é a coisa mais prazeirosa do mundo mesmo. A única coisa que realmente me incomodava - extremamente! - era sempre achar que estava grávida (isso mesmo lá atrás, mesmo antes de ter vida sexual ativa, loucura mesmo!).
Em algum momento há quase 20 anos, comecei a ter enxaqueca. Tenho - numa frequencia que varia de semestral a semanal, dependendo da fase da vida - crises horríveis de enxaqueca. Dor e desconfortos incapacitantes. Meu dia de enxaqueca é perdido e o dia seguinte é de ressaca. Sensação de que minha alma quer se ejetar do meu corpo, que a expulsa com toda força que tem.
Já fiz todo tipo de tratamento que me foi recomendado: remédios alopáticos, homeopáticos, terapia, acupuntura, EFT e até regressão espiritual. Tudo que dizem que pode ajudar, eu tento com toda a minha fé e (des)esperança. Nada até agora eliminou a danada.
Tive a intuição de que o caminho para me libertar talvez passe pelo resgate do meu feminino, o nosso sagrado feminino. Aquilo que une a todas nós.
Veremos!
PS: Comecei a meditar a respeito desse tema, ouvir músicas do resgate do sagrado feminino e - coincidência ou não - fiquei menstruada na mesma semana em que comecei esse processo.
terça-feira, 6 de setembro de 2016
Pouca roupa tá boa!
Eu sempre gostei de usar pouca roupa, me dá a sensação de liberdade, mas, como toda boa mulher brasileira, sempre tive vergonha de mostrar minhas curvas com todas as suas "imperfeições": celulites, gorduras, etc.
No meu primeiro verão no Canadá, fiquei impressionada com o tamanho dos shorts das meninas por aqui. Admito com constrangimento que julguei deveras curto. Admito, com mais constrangimento ainda, que internamente pensei "essas estão querendo", especialmente depois de uma menina, bêbada, obviamente, falar pro meu marido no ônibus que estava sem calcinha.
No meu primeiro verão no Canadá, fiquei impressionada com o tamanho dos shorts das meninas por aqui. Admito com constrangimento que julguei deveras curto. Admito, com mais constrangimento ainda, que internamente pensei "essas estão querendo", especialmente depois de uma menina, bêbada, obviamente, falar pro meu marido no ônibus que estava sem calcinha.
Hoje, porém, amadureci o suficiente para perceber que essa exposição é, na verdade, maravilhosa, saudável e admirável! A liberdade da mulher de se expor aqui é desfrutada de forma não excludente. Mulheres de todas as formas e tamanhos usam o mesmo micro-short e isso é lindo!
Viva a aceitação de todo corpo feminino e a exposição ao sol!
Viva a aceitação de todo corpo feminino e a exposição ao sol!
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
O poliglota!
Davi me pede um pedaço a mais de sobremesa. Concedo e sucede-se o seguinte diálogo:
- Como é que fala, filho?
- Thank you!
- Muito bem! E em espanhol? (a cuidadora dele é colombiana)
- Gracias! - diz com a entonação mais fofa!
- Isso! E em português?
- Obrigado, Brasil!
hahaha
domingo, 28 de agosto de 2016
Obediência
Hoje eu estava sentada na cabeceira da cama amamentando o Bento. O Davi entra, apoia os cotovelinhos no colchão ao pé da cama e fica calado me olhando. Aproveito para pedir um favor:
- Filho, pega uma meia do Bento na gaveta pra mamãe?
Ele vira só o rostinho, olha pra gaveta, olha pra mim de novo e pergunta:
- Please?
- Sim, meu bem, please. Pega uma meia do Bento pra mim por favor?
Ele, que se mantém na mesmíssima posição, cotovelinhos apoiados no colchão olhando pra minha cara, sério, diz:
- Não. To ocupado.
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