sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

A distância entre saber e fazer

Abri-me para o processo de autoconhecimento cheia de coragem, teoricamente preparada para enfrentar qualquer que fosse a minha sombra, para me conhecer sem filtros e sem máscaras, me descobrir de fato e com curiosidade. Teoricamente é uma tarefa simples que consiste basicamente, pelo que entendi, dos seguintes passos:

A partir de um incômodo qualquer:

- Identificar o incômodo. Dar nome ao que está sentindo.

- Identificar o pensamento gerador daquele incômodo. Iluminar a sombra.

- Identificar a crença (limitante?) por trás daquele pensamento. 

- Aceitar, acolher e perceber que é apenas uma crença.

- Praticar a autocompaixão, se perdoar e se amar. Todas as partes de você, inclusive aquela de que não se orgulha.

- Escolher o comportamento ou sentimento que quer nutrir/vibrar a partir daquela descoberta.

E assim sucessivamente com todos os desconfortos que aparecerem durante o dia. A ideia por trás desse processo é saber-se inteiro, saber-se completo, saber-se perfeito, saber-se Deus. Ao mesmo tempo, saber-se parte de um todo que é o universo, saber-se uma gota de água no oceano, um grão de areia no deserto.

A percepção de ser completude traz uma paz enorme, pois entende que não existem defeitos e sim características. Que o julgamento de uma parte de nós como errada é apenas uma visão, um ponto de vista, não é um fato. É entender que aquilo não nos diminui ou nos desvaloriza, apenas nos torna únicos. Que buscar a evolução não é necessariamente se livrar de características nossas e sim aumentar a consciência para perceber o potencial positivo relacionado àquela característica e usa-la para propagar o amor, que é o que nos move.

Já a ideia de sermos todos parte de um todo, traz a tranquilidade de não estarmos sozinhos na vida, no universo. De sermos uns os outros e todos em nós. De aproximação e reconhecimento. 

Tudo isso pra falar: o que pode dar errado?! Nada, ne?! É fácil assim...

Mas não. Talvez devesse ser fácil, mas não é (embora definitivamente valha o esforço). É difícil silenciar as vozes que falam dentro de mim e ouvir minha intuição, porque a revelação da nossa essência, eu acho, não vem da voz racional que analisou alguma coisa, mas sim da intuição que não conseguimos explicar ou entender. Aí mora um grande desafio pra mim. Estou sempre fazendo associações lógicas e concluindo coisas. Toda conclusão é um fechamento e, por princípio, errada (?). Quando concluímos uma questão, fechamos a exploração daquela questão e não sei como identificar se essa conclusão não é apenas mais uma história que nos contamos para nos consolar ou se é uma revelação da realidade. 

O que é a realidade, afinal?

 

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

O espectro das dualidades

Uma grande evolução na percepção das coisas, na minha opinião, é entender as dualidades na forma de um espectro. A primeira vez que ouvi falar desse conceito fora da física foi em relação às doenças psiquiátricas. Aparentemente, sabe-se hoje que os diagnósticos psiquiátricos são bem mais abrangentes do que costumavam ser. Não se entende mais que uma pessoa "é" determinada doença e sim que tem características do espectro daquela doença.

De forma similar, vejo todas as dualidades da vida: Dia x Noite, Bem x Mal, Saúde x Doença, Feminino (mulher) x Masculino (homem), etc. Obviamente os conceitos absolutos são opostos, mas existem de forma difusa na realidade. Entender isso pode nos libertar de muitas crises existenciais. Definir um conceito pela expressão máxima dele é ignorar a existência de todas as suas expressões mais frequentes. As expressões máximas e opostas de conceitos duais ocorrem de forma quase instantânea, por um breve período de tempo apenas. Por que, então, usar essa expressão de forma tão definitiva e absoluta?

Sei que essa reflexão está parecendo papo de louco, mas vou contextualizar. Como mãe, sei que tenho a obrigação de educar meus filhos para viver em sociedade. A nossa sociedade, porém, é machista, racista, homofóbica, competitiva e, de certa forma, doente. Eu me esforço diariamente para identificar em mim as expressões desses conceitos e, assim, desconstruí-los. A sociedade em que quero viver é outra, é inclusiva e igualitária (no sentido de justa e não de ignorar as diferenças individuais, é bom que se esclareça). Esses são os conceitos que quero passar para os meus filhos.

Uma confusão recorrente é associar o feminismo à ideia de negação da feminilidade. Não é nada disso. O feminino e masculino são duas pontas do mesmo espectro e as pessoas se encaixam em qualquer ponto dele. O feminismo apenas defende que qualquer ponto desse espectro é igualmente valioso. Não há característica ruim ou menor, apenas características diversas que se associam mais ou menos a uma das pontas do espectro. Todas importantes e especiais.

Esse entendimento do espectro do gênero nos leva, consequentemente, à valorização das diferenças. Não havendo hierarquia entre as características possíveis, entendendo todas como importantes e necessárias e sabendo que cada uma existe num determinado ponto do espectro, todos os pontos são essenciais. É na união de todo o espectro que mora a unicidade, a perfeição, que mora Deus. Provavelmente até a ideia da escolha do arco-íris como símbolo da diversidade de gênero venha daí: temos diversas cores e juntos formamos a luz!

E aí, se estava parecendo papo de louco até aqui, agora é que piora... Acredito que somos todos partes do mesmo ser, somos todos um. De verdade. Cada um com uma característica única e essencial na composição do nosso todo. Negar ou diminuir o outro por qualquer que seja o motivo é negar e diminuir a nós mesmos. Tudo que vemos no outro existe em nós, porque somos uns os outros. Mesmo individualmente únicos.

Namastê!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Parto do Bento e minha redenção

A chegada do Bento era prevista para o dia 20 de janeiro de 2016, mas eu sempre achei que ele chegaria antes disso. Talvez porque o Davi veio duas semanas antes da data prevista, talvez porque eu já tinha ultrapassado o peso maximum maximorum, talvez porque estava muito ansiosa para conhece-lo, enfim, o fato é que cada dia de janeiro que ele preferiu ficar no quentinho do meu útero era de uma ansiedade e expectativa enorme do lado de fora. A Dani, que veio do Brasil especialmente pra sua chegada, estava aqui desde o dia 5 de Janeiro e iria embora no dia 24. A expectativa era geral! Eu, por diversas noites em janeiro sentia contrações dolorosa e pensava "é hoje!", e não era. Não, até a noite do dia 19 de Janeiro.

Fui pra cama por volta das 9 pm me sentindo muito cansada (normal para uma grávida em fim de gestação pesando quase 90 quilos). Comecei a sentir as contrações doloridas, que já havia sentido outras noites. Fiquei ali, presente, sentindo cada contração que vinha levemente dolorida e espaçada de uns 10/15 minutos da outra. 

Todos da casa dormiam e eu, já percebendo que aquela não seria uma noite comum, saí do quarto por volta das 11 pm e vim pra sala sentir com toda minha atenção e consciência o que estava acontecendo com o meu corpo. As contrações estavam mais frequentes e mais doloridas. Muito mais doloridas.

Fiquei no escuro da sala, olhando o rio congelado pela janela, na cadeira de balanço, tentando não resistir à dor, lembrando de respirar e repetindo mentalmente o mantra: Enjoy the pause! (Aproveite a pausa)* 

*Aprendi essa lição maravilhosa no livro Mindful birthing. A dor das contrações de trabalho de parto é intensa, mas de mesma intensidade é o relaxamento entre as contrações. É uma coisa única, um efeito quase que anestésico do corpo que, se não atentas, não percebemos. Eu, repetindo esse mantra, pude constatar o que o livro conta: não há relaxamento mais profundo que o que acontece na pausa entre contrações. E constatava isso admirada com a perfeição da natureza. É o corpo se recuperando momentaneamente para a transformação brutal ocorrendo na forma de contrações extremamente doloridas. É a calmaria em meio à tempestade, ambas se alternando a todo momento num ciclo dual, natural, sagrado. Como a natureza! O auge de um é o início do outro. E assim, movimento e repouso, dor e relaxamento e, hoje eu entendo assim, Yin e Yang, numa dança física visceral dentro de mim.

Foi assim das 11 pm até umas 4 am. Eu, sozinha, perambulando pela casa silenciosa, escura e fria, focando na respiração e nas sensações do meu corpo, conversando com Bento e com Deus, chorando, entrando debaixo do chuveiro quente sempre que achava que não estava aguentando mais de dor (acho que tomei uns 3 banhos quentes em casa, naquela noite), até que não aguentei mais a solidão.

Entrei no quarto do Davi, a procura do colo da minha mãe. Era ela quem eu queria naquele momento. E, menina de sorte que sou, ela estava lá! Pronta! No meio da madrugada. Ela, Dani e Davi. Tentei deitar na cama, mas não conseguia. A dor das contrações me colocavam em movimento, de pé, aos prantos a essa hora. Minha mãe ordenou então que chamássemos a parteira, que fossemos pro hospital, não havia mais condições de ficar em casa, a chegada do Bento estava muito próxima, ela sabia. 

Acordamos o Carlos que foi fazendo as coisas burocráticas: ligar pra midwife, chamar o taxi, pegar as coisas. E eu e minha mãe andando pela casa e sentindo cada contração, já extremamente próximas umas das outras, aos prantos (eu). Naquela hora, eu sabia que eu, mamãe e Dani estávamos todas em trabalho de parto. Todas conectadas com o sagrado feminino que nos une, unindo nossas forças numa corrente invisível, porém muito forte.

O taxi chegou e chegamos ao hospital por volta das 5:30 am. Tudo escuro, hospital vazio e eu me contorcendo de dor e implorando pra todo mundo que eu via:

- Help me! Help me! Help me!!!

Fui pra sala de triagem para checar a dilatação e mal consegui deitar na maca, meu corpo queria a posição horizontal e eu era, naquele momento, um bicho. Eu não pensava, não analisava, só sentia e observava, e fazia o que ele, meu corpo, mandava. 

4 cm de dilatação às 5:30 am. Excelente, vamos pro quarto, Bento está a caminho.

A caminho do quarto eu parava para me agachar de dor, me contorcer no chão. Olhava pra parteira com cara de "PELAMORDEDEUS, ME SALVA!", e ela sorrindo dizia:

- Good for you!!! (Bom pra vc) - eu queria mata-la. "BOM PRA QUEM, FILADAPUTA?!", pensava.

A essa hora, eu já alternava entre momentos de consciência e desespero. Desesperada com a dor, pedia que me aplicassem uma anestesia GERAL! hahaha Todos me olhavam, mas ninguém fazia nada. Não havia anestesista disponível e eu precisaria, me disseram, de receber um litro de soro na veia antes da epidural. Abri meus braços oferecendo as veias e implorando, "coloquem esse soro já!". Tentaram, é verdade, mas ninguém conseguiu acertar a veia.

Eu agachada no chão do quarto do hospital, com os braços esticados na cama, as duas parteiras tentando achar minha veia e nada. Furavam e não dava certo. Me mandaram pra debaixo do chuveiro,  onde fiquei a maior parte do tempo, chorando, tentando lembrar de tudo que tinha lido: RESPIRA, APROVEITE A PAUSA, e PELO AMOR DE DEUS, CADE O ANESTESISTA DESSA PORRA?!?!?!? 

Sei que mediram a dilatação novamente às 6:30 am e eu já estava com 7 cm de dilatação. O negócio era bruto, intenso e rápido. Todos sabiam. (eu só sabia a parte do bruto e intenso. Rápido é um conceito muito relativo nessa hora. Pra mim, aquilo estava durando uma eternidade e não teria fim).

De volta pro chuveiro, balançava, chorava, rezava e tentava respirar e não resistir àquele fenômeno milagroso por que meu corpo passava. Depois de constatarem que já estava muito dilatado, me disseram: 

- Lia, vamos furar a bolsa pra saber se está tudo bem. Se tiver algum problema no liquido, vamos chamar o pediatra, ok? 

Eu só consegui dizer:

- Depois vai me aplicar a anestesia? Por favor??

Furaram a bolsa, liquido amniótico lindo, transparente, quentinho, perfeito. Acharam alguém que conseguiu aplicar o soro em mim, isso já eram umas 7:30 am. Saí do chuveiro para receber o soro e fui para o quarto. A moça furando minha veia, eu agachada no chão, braços esticados na maca enquanto ela colocava o soro, senti que era hora da expulsão. 

Comecei a fazer força de expulsar, mesmo sem querer. Meu corpo queria. A parteira perguntou:

- Quer expulsar o bebê?

Eu:

- YEEEEEES. - já expulsando.

Nessa hora, o que mais me impressionou foi a involuntariedade do meu corpo. Eu não quis expulsar o bebê, meu corpo quis. E não havia nada que pudesse impedir aquele processo. Meu corpo foi dono de si e agiu como queria (guiado por quem???).

Eu ainda estava de cócoras no chão e, receosos de que o bebê nasceria no chão, me passaram pra maca. Fiquei ajoelhada expulsando, gritando, chorando, rezando e tentando lembrar de respirar. Foi uma experiência animalesca, brutal, avassaladora, transformadora. 

O Bento veio. Não assim, delicadamente, veio em partes. Primeiro a cabeça. Senti que todos os ossos do meu corpo estavam se abrindo e que me quebraria ao meio ali. Gritei, um grito agudo, de desespero. A parteira, calmamente, disse:

- Pode gritar, querida, mas tente gritar grosso. Ajuda mais.

Nem deu tempo e meu corpo já mandou mais uma expulsão, o ombro e resto do corpinho do Bento deslizaram pra maca. E, agora sim, ele apareceu inteirinho na minha frente. Braços e pernas abertos como quem caiu do céu, roxinho. Chorou. Eu o peguei imediatamente! E as imagens a seguir falam por si. (Aviso: cenas fortes!)



Bento nasceu no dia 20 de Janeiro de 2016, às 8:18 am, com 4.05 kg e 52.5 cm. (~9 horas de trabalho de parto, 45 minutos de expulsão, parto normal, sem intervenção)

Mas ele não veio sozinho. Depois de tê-lo parido, deitei na maca com ele em meus braços, dolorida da cintura pra baixo. A parteira mais nova olhou alguma coisa ali e disse: 

- Opa! O que é isso?!

A parteira mais velha veio ver.

- Ah! É o útero dela. Temos que colocar pra dentro de novo. - :o

Uma pausa aqui para contar uma coisa. O trabalho de campo do meu doutorado foi em uma fazenda leiteira. Certo dia cheguei e encontrei uma vaca estirada no chão, morta, no meio do caminho. Perguntei pro fazendeiro o que tinha acontecido com a pobre vaca e ele respondeu:
 
- Ela pariu no meio da noite e o útero dela saiu. Então ela morreu.

Fiquei assustada com a constatação de que meu útero tinha saído com o Bento e perguntei:
 
- E agora?! Vou morrer!

As parteiras disseram que não, que só teriam que colocar o útero pra dentro. Assim o fizeram. Também costuraram o que havia aberto naquele processo todo e, aí sim, pude curtir o meu bebezão. 

Ainda fiquei dolorida por alguns dias, mas nada perto da dor de antes.




segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

2017

Começo esse ano verdadeiramente animada! Tenho consciência dos desafios que tenho pela frente, sei que terei que trabalhar intensamente pra dar conta de todos eles, mas estou otimista!

O ano de 2016 foi, pra mim, transformador. Não terminei o doutorado nele, como tinha inicialmente programado, mas evoluí de forma significativa em pontos cruciais do desenvolvimento pessoal. Foi um ano difícil para o mundo, muitas tragédias, injustiças e perdas. Coisas boas também aconteceram, claro, mas o balanço, pelo menos para o Brasil, acho que foi negativo. Eu diria que o mal venceu no Brasil em 2016.

Aqui, em mim, o bem venceu de longe.  Tive a perda dolorida de dois familiares muito próximos: vovô e Roberto e tive a depressão pós-parto, mas acho que por causa dessas experiências ruins, cresci. Foi a tempestade que me fez florescer de uma forma definitiva e vou explicar com uma analogia que faz muito sentido pra mim.

É como se antes eu morasse numa caverna e achava que o mundo era aquilo ali. Eu simplesmente não via muito dos meus problemas, não reconhecia que tinha problemas importantes. Com a aceitação de que eu estava com depressão, me vi fora da caverna, olhando para uma montanha. Eu teria, agora, que escalar a montanha. O ponto crucial aqui é: uma vez avistada a montanha, nunca se volta para o ponto em que se vivia na caverna como se aquilo fosse tudo. Pode-se até entrar na caverna novamente, mas a consciência de que existe todo um morro acima existe para sempre.

Tratar a depressão é como escalar uma montanha e a cura está no topo dela. Vamos bravamente escalando em direção ao topo. Muitas vezes escorregamos e descemos um pouco, ou muito, mas sempre olhando pra cima e voltando a escalar. Esse processo de instabilidade emocional, me fez valorizar muito a minha sanidade mental e as pequenas coisas que temos por certas, mas que, de repente, podem deixar de acontecer ou existir. Valorizo cada dia bom e isso é um aprendizado. O conceito de dia bom mudou também. Antes eu tinha uma exigência enorme para considerar um dia bom. Hoje sei reconhecer coisas boas todos os dias. E as valorizo.

Hoje sou mais tolerante comigo. Menos exigente. Sei reconhecer a divindade/completude em mim ao mesmo tempo em que sei que tenho muito a evoluir.

Entendi, realmente, que somos todos partes de um mesmo ser e que os outros são nossos espelhos. As relações são oportunidades de reconhecimento e evolução pessoal. E que o amor é a energia que nos unifica.

Me despeço de 2016 com gratidão e recebo 2017 com entusiasmo!

Namastê!


quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Sunny day

Meninos brincando na sala e eu trabalhando no sofá. Paro um instante para curtir o calorzinho gostoso do sol na minha perna, deito a cabeça no sofá e fecho os olhos. Imediatamente, Davi corre pro meu lado:

- Mãe, abre o olho. Não pode fechar o olho. - diz preocupado.

- Por que não, filho?

- Porqueee...

Fica um momento calado, olhando para os lados, como quem procura alguma coisa, olha pra janela e diz:

- ... it's sunny outside.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Força de vontade

Sempre imaginamos a força de vontade como um esforço enorme que temos que fazer contra alguma coisa potencialmente negativa, exemplos: não comer aquele doce quando se quer perder peso, não assistir ao terceiro episódio seguido daquela série do Netflix quando deveria dormir cedo, não abrir o site de notícias ou o facebook quando precisa trabalhar, não mandar mensagem para aquele gatinho quando sabe que ele não te valoriza o suficiente, não gritar com o filho, etc. É sempre uma força de RESISTÊNCIA a algo que impulsivamente fariamos, sem considerar o impacto a longo prazo daquilo. Conter o prazer ou o alívio imediato para se manter coerente a um objetivo de vida maior, de médio e longo prazo.

Uma inversão de perspectiva pode, oxalá, ajudar na hora de nos mantermos firme no propósito maior: enxergar a força de vontade como a força do que é desejado. Por exemplo: perder peso mesmo diante de um chocolate, começar a trabalhar e dormir cedo apesar das distrações, etc.

Vou tentar perceber a minha força de vontade como a força do meu objetivo maior, a força daquilo que eu quero a longo prazo. Vamos ver se ajuda alguma coisa.


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

O quereres

Davi está com menos de 3 anos e anda muito desafiador. Sabe exatamente, com toda a convicção dos terrible twos,  o que quer e o que não quer e deixa isso bem claro.  A cuidadora dele me contou ontem que na hora de guardar os brinquedos todas as crianças estavam ajudando, menos ele. Ela mandou que ele ajudasse e ele respondeu firmemente encarando-a:

- Eu não quero guardar os brinquedos.

- Se vc não ajudar, vai ter que guardar tudo sozinho.

- Eu quero guardar tudo sozinho. 

As outras crianças, que pacientemente organizavam o ambiente, pararam e disseram, uma após a outra:

- Eu quero guardar sozinho! 

- I wanna tie up alone - disse até a mais pequenininha deles.

A cuidadora não podia afirmar com certeza, mas disse que até o Bento balbuciou alguma coisa nesse sentido.

Davi, obrigada por nos proporcionar diariamente oportunidades de evolução pessoal, mas vem cá, está muito cedo pra virar adolescente, tá não, filho?! rs