Davi:
- Mummy, I want a train cake. Blue. Com gudão.
- Com o quê?! - perguntei esperando ouvir "algodão".
- Guidão, mãe, pra dirigir.
- Nossa, filho! Mas aí fica muito difícil de fazer.
- I can help you, mummy.
E continuou, gesticulando com as mãozinhas:
- We take o difícil, cut it into little pieces e fica fácil.
terça-feira, 13 de junho de 2017
terça-feira, 6 de junho de 2017
Dicas que efetivamente me ajudaram no parto natural
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- A dor da contração é uma dor transformacional, as fibras musculares do útero estão mudando a forma para possibilitar a abertura de seu colo e a expulsão do bebê. É uma contração/expansão. Encare dessa maneira, tente visualizar a abertura, a expansão. Cada contração é um passo mais perto que vocês estarão de conhecer a carinha do bebê de vcs.
- Não resista à dor. Dê boas vindas a ela. Tente localizar onde exatamente ela acontece (baixo da barriga, meio, lombar, etc). Na hora da contração, esteja mentalmente presente, sinta com curiosidade essa transformação que está acontecendo dentro de você e que está trazendo seu filho até vocês. Visualize. Investigue com atenção.
- A contração do trabalho de parto é semelhante a uma coceira, no sentido em que começa com baixa intensidade, atinge um pico, e depois reduz a intensidade até seu completo desaparecimento, como uma onda. (curiosidade: se resistirmos a coçar no pico da coceira, veremos que uma coceira também desaparece) Esse ciclo todo da contração dura de 45 a, no máximo, 90 SEGUNDOS, sendo que o pico dura uns 5 segundos. E é por esse tempo que vc terá que sentir a dor. Depois ela desaparece COMPLETAMENTE até a proxima.
- Aproveite o intervalo entre as contrações. As contrações ocorrem com um intervalo entre 4 a 3 minutos (na fase ativa do parto). Esse tempo não é simplesmente um tempo "sem dor". É um tempo de profundo relaxamento e alívio. Profundo prazer. A mais poderosa de todas as drogas! Esteja mentalmente presente para curtir isso. Tente perceber essa sensação que é única e maravilhosa. Para isso, respire. (eu lembro de eu focada na respiração entre as contrações e repetindo o mantra "aproveita o intervalo. aproveita o intervalo.", com isso eu passei a madrugada toda)
- Respire. Respire. Respire. E foque na respiração. (Isso é o que vc, Pai/Acompanhante, terá que lembrá-la, porque na hora que dá o desespero da dor a tendência é resistir e fugir de alguma maneira. Mulher, foque na sua respiração e estará completamente presente e consciente.
- Na hora que pensar "Não aguento mais!", é hora de um banho quente. Chuveiro! Água morna tem um poder absurdo de aliviar a dor! (passei dos 4 aos 7 cm debaixo do chuveiro)
- Faça o que seu corpo quiser. Escute o seu corpo. (eu, por exemplo, não fiquei deitada nem 1 minuto sequer. Nem pra parir, meu parto foi na vertical mesmo) Se quiser gritar, grite. Esteja com sua atenção totalmente voltada para você, para sua respiração, para o seu útero, que saberá o que precisa fazer. NÃO SE REPRIMA.
- Uma contração por vez. Não pense em quanto tempo durará cada fase do parto. Apenas receba uma contração por vez. Respire junto a ela e passe por ela. Uma, apenas uma. Por vez. 45 segundos. Você consegue!!!! RESPIRA.
- A mudança entre as fases do parto (ativo pra fase de expulsão) é nítida! Isso eu achei animal nos dois partos. Tem uma hora que você vai precisar empurrar, vai QUERER empurrar, vai sentir uma necessidade incontrolável de empurrar junto com as contrações. Antes dessa fase, você só sentirá que precisa "sobreviver", respirar, esperar e curtir o intervalo! (sério, não deixe de curtir esse estado indescritível de êxtase que é o intervalo entre contrações)
- Na fase de expulsão (que pode ser sentida como se quisesse muito fazer cocô), as contrações são mais frequentes, intervalos mais curtos - o que é bom, acredite! - e você vai fazer força de fazer cocô. Você quem vai querer fazer isso. Será inevitável. Apenas não se reprima!
- Na saída do bb, vc vai sentir uma pressão muito forte abrindo seu corpo. Nessa hora, RESPIRE. E pense que seu bebê ja está MUITO perto (tão perto que, nessa fase, você pode literalmente tocá-lo). Em muito pouco tempo você terá ele no seu colo. ❤ ❤ Eu achei essa a dor mais forte, beirando o insuportável, mas é o grand finale! E passa rápido. Parte do corpo do seu filho já estará pra fora e a vontade de vê-lo por inteiro te dará força para resistir bravamente.
Aí, meus amados, é só amor!!! É muito amor! É uma explosão de amor.
- Tem o parto da placenta também, mas é outro nível de dor. Pra quem acaba de parir um ser humano completinho, a placenta é mole. Literalmente.
- Durante o trabalho de parto, talvez a mulher precise de contato físico com o pai. Pegar forte na mão, carinho, massagem. Talvez prefira a distância. Não dá para prever. Pai/acompanhante, esteja lá atento para atender ao que ela precisar. Mulher, você manda!
- Bater papo pra distrair não é bom. O bom é focar no presente, na respiração, no interior. Vivenciem o presente.
Desejo toda a sorte do mundo para os que estão prestes a passar por isso! Que o parto seja o mais tranquilo possível! Dizem que tem mulher que dá à luz sorrindo e é isso que desejo a todas as mulheres! Ah! O livro falava isso mesmo, pra tentar sorrir durante as contrações. Parece que ajuda, mas eu nao consegui. Eu focava na respiração e só.
Boa sorte e me coloco sempre disponível a dividir minhas experiências sobre qualquer assunto relativo à maternidade, puerpério, amamentação, pós-parto, etc. Estamos juntas, mulherada!
quarta-feira, 17 de maio de 2017
May 16, 2017.
Imagino que todo mundo que me conhece sabe o quanto valorizo meu aniversário. É um dia em que me sinto diferente desde a hora em que acordo - cedo, nesse dia, pro dia ser bem longo - até a hora em que vou dormir - depois da meia noite, nesse dia, para aproveitar até o último segundo. E não trabalho no meu dia também não. É feriado religioso, na minha religião.
Acredito que uma forma importante de autoconhecimento é olhar para nossos relacionamentos e para como os outros nos enxergam. Nós temos uma idéia de quem (achamos que) somos, mas ela só é verdadeira se os outros nos percebem da mesma forma. Assim como a comunicação é definida pelo ouvinte, nós somos, em última análise, quem os outros percebem.
Eu lembro que (aviso gatilho: bullying) meus irmãos me chamavam de "soja" quando criança, que não tem gosto de nada, fica com o gosto do que vc cozinha junto com ela. E penso que eu também acreditava nisso, pois nunca tive - na minha percepção - nenhuma característica própria muito forte, que ressaltava em mim e me diferenciava dos outros. Eu era o que todos em minha volta eram: normal. Na verdade, ainda penso assim.
Nessa jornada pessoal de autoconhecimento, a minha maior busca é, confesso: saber quem sou. Eu, honestamente, não sei. Sei o que sinto em alguns momentos, mas sei também que estou em transformação constante. Situações e pessoas que me abalavam em algum momento do passado, hoje não me tocam de forma alguma ou, até, provocam reação oposta à que costumavam provocar.
Minha autoimagem é de uma pessoa fácil, leve. O que parece não ser a percepção dos que convivem diariamente comigo.
Uma coisa que tenho tentado fazer é olhar para todos os meus desconfortos como oportunidades de ouro para me conhecer, finalmente. Quero desesperadamente saber quem sou, me definir de alguma forma, me entender.
Sei bem quem eu quero ser. E sei que não cheguei lá. Mas não sei quem sou hoje.
Ontem passei o dia com pessoas queridas, lendo mensagem de todos e buscando nelas um pouco sobre mim, embora ciente de que no aniversário todos falam só das coisas boas. É uma amostra bem parcial de nós e, portanto, não confiável. Mas tive também, como tenho diariamente, a oportunidade de entrar em contato com a parte minha que não é socialmente aceitável. A parte que grita, que não escuta o outro, que não tem paciência, que é egoísta ao extremo. Essa, quando aparece, me domina e me cega. Só consigo refletir sobre ela depois.
Penso que já melhorei muito. Não me altero emocionalmente mais por futebol e me sinto aliviada por isso. Mas talvez só porque não estou mais assistindo ou seguindo nenhum campeonato. Cortei o estímulo. Deu certo, vivo emocionalmente muito melhor sem ele.
Divergências políticas, entretanto, ainda despertam o "pior" em mim, o mais selvagem e passional. Tocam num ponto de extrema sensibilidade. O caminho do desapego nesse campo ainda é longo e estou só no começo, consciente da necessidade de mudar isso.
Mas esse nem era o rumo que eu queria dar pra esse texto. Comecei a escrever porque não conseguia trabalhar sem compartilhar minha profunda gratidão por todas as pessoas que fazem parte da minha vida. Sou um pedaço de cada um em cada hora. Reparei que todas as mensagens que falavam de alguma característica específica "minha", vinha da pessoa que a tinha, especificamente.
Portanto, meus amigos, eu sou mesmo um espelho do que vcs vêem em mim. Eu sou soja mesmo, sou todos vocês e sou feliz por isso. Feliz pelo privilégio de ter nascido na família em que nasci, ter feito as escolas/escolhas que fiz, ter conhecido as pessoas que conheço. Todos, juntos, me trouxeram até aqui e ao que sou, hoje.
Minha gratidão imensa e todo meu amor! Vocês me emocionaram muito ontem e me senti pertencente a uma coisa muito maior que eu. Obrigada por isso. Sei que não estou sozinha e nada do que fiz de bom até hoje é mérito exclusivo meu. Esse doutorado, inclusive, que - oxalá - está com os dias contados, não é um trabalho meu. É de todos nós. Dos amigos pacientes com a minha ausência, da minha família no Brasil que se reorganiza de todas as formas e quantas vezes forem necessárias para que eu continue caminhando, dos meus filhos que empurram meus limites diariamente, dos amigos do Canadá que me acolhem como família - e me sinto assim, em família! - enfim, GRATIDÃO é o que emana de mim hoje e que estava me impedindo de trabalhar sem ser compartilhada.
Muito obrigada!
Agora deixa eu continuar tocando o barco, porque a mão que vai digitar a tese é essa aqui e cada minuto conta. Vamos que vamos!
Acredito que uma forma importante de autoconhecimento é olhar para nossos relacionamentos e para como os outros nos enxergam. Nós temos uma idéia de quem (achamos que) somos, mas ela só é verdadeira se os outros nos percebem da mesma forma. Assim como a comunicação é definida pelo ouvinte, nós somos, em última análise, quem os outros percebem.
Eu lembro que (aviso gatilho: bullying) meus irmãos me chamavam de "soja" quando criança, que não tem gosto de nada, fica com o gosto do que vc cozinha junto com ela. E penso que eu também acreditava nisso, pois nunca tive - na minha percepção - nenhuma característica própria muito forte, que ressaltava em mim e me diferenciava dos outros. Eu era o que todos em minha volta eram: normal. Na verdade, ainda penso assim.
Nessa jornada pessoal de autoconhecimento, a minha maior busca é, confesso: saber quem sou. Eu, honestamente, não sei. Sei o que sinto em alguns momentos, mas sei também que estou em transformação constante. Situações e pessoas que me abalavam em algum momento do passado, hoje não me tocam de forma alguma ou, até, provocam reação oposta à que costumavam provocar.
Minha autoimagem é de uma pessoa fácil, leve. O que parece não ser a percepção dos que convivem diariamente comigo.
Uma coisa que tenho tentado fazer é olhar para todos os meus desconfortos como oportunidades de ouro para me conhecer, finalmente. Quero desesperadamente saber quem sou, me definir de alguma forma, me entender.
Sei bem quem eu quero ser. E sei que não cheguei lá. Mas não sei quem sou hoje.
Ontem passei o dia com pessoas queridas, lendo mensagem de todos e buscando nelas um pouco sobre mim, embora ciente de que no aniversário todos falam só das coisas boas. É uma amostra bem parcial de nós e, portanto, não confiável. Mas tive também, como tenho diariamente, a oportunidade de entrar em contato com a parte minha que não é socialmente aceitável. A parte que grita, que não escuta o outro, que não tem paciência, que é egoísta ao extremo. Essa, quando aparece, me domina e me cega. Só consigo refletir sobre ela depois.
Penso que já melhorei muito. Não me altero emocionalmente mais por futebol e me sinto aliviada por isso. Mas talvez só porque não estou mais assistindo ou seguindo nenhum campeonato. Cortei o estímulo. Deu certo, vivo emocionalmente muito melhor sem ele.
Divergências políticas, entretanto, ainda despertam o "pior" em mim, o mais selvagem e passional. Tocam num ponto de extrema sensibilidade. O caminho do desapego nesse campo ainda é longo e estou só no começo, consciente da necessidade de mudar isso.
Mas esse nem era o rumo que eu queria dar pra esse texto. Comecei a escrever porque não conseguia trabalhar sem compartilhar minha profunda gratidão por todas as pessoas que fazem parte da minha vida. Sou um pedaço de cada um em cada hora. Reparei que todas as mensagens que falavam de alguma característica específica "minha", vinha da pessoa que a tinha, especificamente.
Portanto, meus amigos, eu sou mesmo um espelho do que vcs vêem em mim. Eu sou soja mesmo, sou todos vocês e sou feliz por isso. Feliz pelo privilégio de ter nascido na família em que nasci, ter feito as escolas/escolhas que fiz, ter conhecido as pessoas que conheço. Todos, juntos, me trouxeram até aqui e ao que sou, hoje.
Minha gratidão imensa e todo meu amor! Vocês me emocionaram muito ontem e me senti pertencente a uma coisa muito maior que eu. Obrigada por isso. Sei que não estou sozinha e nada do que fiz de bom até hoje é mérito exclusivo meu. Esse doutorado, inclusive, que - oxalá - está com os dias contados, não é um trabalho meu. É de todos nós. Dos amigos pacientes com a minha ausência, da minha família no Brasil que se reorganiza de todas as formas e quantas vezes forem necessárias para que eu continue caminhando, dos meus filhos que empurram meus limites diariamente, dos amigos do Canadá que me acolhem como família - e me sinto assim, em família! - enfim, GRATIDÃO é o que emana de mim hoje e que estava me impedindo de trabalhar sem ser compartilhada.
Muito obrigada!
Agora deixa eu continuar tocando o barco, porque a mão que vai digitar a tese é essa aqui e cada minuto conta. Vamos que vamos!
segunda-feira, 1 de maio de 2017
Natureza (quase) perfeita
Bento (1 ano e 3 meses) está mamando muito menos e, consequentemente, meu corpo diminuiu consideravelmente a produção de leite (a natureza é perfeita). Passei, finalmente, a não precisar do sutiã de amamentação e voltei a dormir livre dele.
Hoje de manhã, tomando o café só de camisola de alcinha, Davi (3 anos e 3 meses) pergunta:
- Mãe, por que seu peito tá assim?
- Assim como, meu filho?
- Caído.
...
PS: Nesse caso, a palmada educativa está liberada, ne?!
Hoje de manhã, tomando o café só de camisola de alcinha, Davi (3 anos e 3 meses) pergunta:
- Mãe, por que seu peito tá assim?
- Assim como, meu filho?
- Caído.
...
PS: Nesse caso, a palmada educativa está liberada, ne?!
Desabafo (Greve 28/03/17)
O que estamos fazendo uns com os outros?! Quando que uma vidraça passou a ser mais importante que uma vida? Quando o fato da CUT e sindicatos defenderem direitos dos trabalhadores passou a ser visto como uma coisa absurda? Quando fazer política "sem partido político" passou a ser visto como uma coisa boa?
Precisamos parar tudo e repensar nossas relações. Olhar para o outro como nosso semelhante, que é. Praticar a compaixão e empatia, independente das diferenças sejam elas quais forem (gênero, raça, fé, sexualidade, posição política, etc). Somos todos vítimas de nós mesmos. E somos todos salvadores de nós mesmos também. A solução, na minha visão, está em nos olharmos nos olhos e nos reconhecermos iguais, que somos.
Estou arrasada com o crime contra o estudante Matheus Ferreira, em Goiânia (minha cidade). Sinto dor física no peito ao ver a imagem (não tive coragem de assistir ao vídeo). Sinto também pelo PM que cometeu esse ato horrível e é vítima também. Foi treinado a desumanizar o seu semelhante e, com isso, perdeu sua própria humanidade.
Vamos, por favor, parar com essa dualidade de esquerda e direita e olhar para o espectro. Todos, no fundo, queremos as mesmas coisas. Precisamos saber ouvir e respeitar o diferente. Achar um caminho novo.
Tudo começa com uma prática fundamental e simples, embora dolorosa: olhar para o outro como seu semelhante. Sentir a dor do outro como a sua. Por favor, vamos praticar isso em todas as relações, reais e virtuais. Estamos todos no mesmíssimo barco! Ou nos salvamos todos ou morreremos todos.
sábado, 18 de fevereiro de 2017
Contando os dias!
Hoje colocando a mesa do almoço, dei o copo de água do Bento (um especial de bebês, que não derrama água quando cai) e fui pegar os outros copos normais (de vidro). Davi, sentadinho à mesa, foi logo dizendo, todo manhoso:
Claro, né?! Um sempre quer o do outro. Respondi:
- Não, filho! Você já é grande! Seu copo é igual o da mamãe.
- Eu sou grande já?!
- É, sim!
Fez a carinha mais alegre do mundo e perguntou:
- POSSO CERVEJA?!
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017
Meditação
Há anos venho "tentando" meditar diariamente. Já consegui meditar por muitos dias seguidos, mas também já passei muitos dias ou até meses sem nenhuma prática meditativa, apesar da intenção estar sempre presente.
Acabei de realizar uma prática, "retornando ao seu centro verdadeiro", e senti a vontade de escrever, mais para mim mesma do que para qualquer outra pessoa, o seguinte:
Meditação não é uma coisa que a gente "tenta"fazer diariamente, se as condições forem favoráveis. Meditação é um comprometimento. Não importa a duração ou o tipo de prática, pode ser 5 minutos enquanto lavo a louça do jantar, por exemplo, mas tem que ser um compromisso. Como buscar o filho na escola. Tem que ter hora marcada e acontecer independentemente das condições externas OU internas. Faça chuva ou sol, eu esteja num bom ou mau dia.
Percebi que quando eu deixo pra meditar na hora mais apropriada de cada dia, essa hora nunca chega. É infinitamente mais fácil criar um hábito se realiza-lo na mesma hora todos os dias durante os primeiros 30 dias, até que se torne automático. Outra coisa que ajuda na instalação de um novo hábito é ter uma recompensa ao final da nova rotina. No caso da prática meditativa, acho que a recompensa já existe. Pelo menos pra mim, sempre fico mais calma depois de uma prática, mas se pra você essa recompensa não é tão sensível, crie outra: faça imediatamente (e somente) APÓS a meditação alguma coisa que te dê prazer. Ideias: verificar o facebook, ouvir um podcast, alongar, comer um pedacinho de chocolate, tomar uma taça de vinho, sei lá!, qualquer coisa que seja saudável de ser feita diariamente e que te deixe momentaneamente feliz.
Eu me comprometi desde segunda-feira desta semana a realizar uma prática meditativa às 7:30 da manhã (está no meu calendário), que é quando chego no escritório e antes das outras pessoas chegarem. Estou fazendo há 3 dias e já consigo sentir o benefício ao longo do meu dia.
Convido quem quiser a seguir comigo:
1) Encontre no seu calendário alguma brecha de tempo em que diariamente estará sozinho e não será interrompido;
2) Procure uma meditação de duração compatível com a sua disponibilidade (de tempo e emocional);
3) Adicione o compromisso no calendário.
Nas próximas 3 semanas, vamos nos comprometer a cumprir essa tarefa. E vamos conversando sobre os efeitos e dificuldades dessa experiência.
Quem topa? (deixe nos comentários!)
HOJE É O DIA MAIS IMPORTANTE!
Namastê!
Acabei de realizar uma prática, "retornando ao seu centro verdadeiro", e senti a vontade de escrever, mais para mim mesma do que para qualquer outra pessoa, o seguinte:
Meditação não é uma coisa que a gente "tenta"fazer diariamente, se as condições forem favoráveis. Meditação é um comprometimento. Não importa a duração ou o tipo de prática, pode ser 5 minutos enquanto lavo a louça do jantar, por exemplo, mas tem que ser um compromisso. Como buscar o filho na escola. Tem que ter hora marcada e acontecer independentemente das condições externas OU internas. Faça chuva ou sol, eu esteja num bom ou mau dia.
Percebi que quando eu deixo pra meditar na hora mais apropriada de cada dia, essa hora nunca chega. É infinitamente mais fácil criar um hábito se realiza-lo na mesma hora todos os dias durante os primeiros 30 dias, até que se torne automático. Outra coisa que ajuda na instalação de um novo hábito é ter uma recompensa ao final da nova rotina. No caso da prática meditativa, acho que a recompensa já existe. Pelo menos pra mim, sempre fico mais calma depois de uma prática, mas se pra você essa recompensa não é tão sensível, crie outra: faça imediatamente (e somente) APÓS a meditação alguma coisa que te dê prazer. Ideias: verificar o facebook, ouvir um podcast, alongar, comer um pedacinho de chocolate, tomar uma taça de vinho, sei lá!, qualquer coisa que seja saudável de ser feita diariamente e que te deixe momentaneamente feliz.
Eu me comprometi desde segunda-feira desta semana a realizar uma prática meditativa às 7:30 da manhã (está no meu calendário), que é quando chego no escritório e antes das outras pessoas chegarem. Estou fazendo há 3 dias e já consigo sentir o benefício ao longo do meu dia.
Convido quem quiser a seguir comigo:
1) Encontre no seu calendário alguma brecha de tempo em que diariamente estará sozinho e não será interrompido;
2) Procure uma meditação de duração compatível com a sua disponibilidade (de tempo e emocional);
3) Adicione o compromisso no calendário.
Nas próximas 3 semanas, vamos nos comprometer a cumprir essa tarefa. E vamos conversando sobre os efeitos e dificuldades dessa experiência.
Quem topa? (deixe nos comentários!)
HOJE É O DIA MAIS IMPORTANTE!
Namastê!
terça-feira, 14 de fevereiro de 2017
Perguntas difíceis
- Eu já morei na sua barriga, mãe.
- Morou mesmo, meu filho. Vc lembra?
- Lembro. Não era escuro. Era só doce.
Ri, imaginando se as não-sei-quantas latas de leite condensado que bebi durante a gravidez teriam causado essa lembrança nele... Ele, em seguida, pergunta:
- Eu saí da sua barriga?
- Saiu, sim.
- Cadê a porta?!
Me olha com cara de dúvida. Coloca o dedim no meu umbigo e continua:
- É o umbigo?
Melhor mesmo, aos 3 anos, perguntar como saiu ao invés de como entrou lá.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017
Boneco Bento
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- Mamãe, Bento!
Senta na cadeira ao meu lado e fica o tempo todo abraçado com o boneco, fazendo carinho.
Mãe de menino! :)
Mãe de menino! :)
sexta-feira, 27 de janeiro de 2017
A distância entre saber e fazer
Abri-me para o processo de autoconhecimento cheia de coragem, teoricamente preparada para enfrentar qualquer que fosse a minha sombra, para me conhecer sem filtros e sem máscaras, me descobrir de fato e com curiosidade. Teoricamente é uma tarefa simples que consiste basicamente, pelo que entendi, dos seguintes passos:
A partir de um incômodo qualquer:
- Identificar o incômodo. Dar nome ao que está sentindo.
- Identificar o pensamento gerador daquele incômodo. Iluminar a sombra.
- Identificar a crença (limitante?) por trás daquele pensamento.
- Aceitar, acolher e perceber que é apenas uma crença.
- Praticar a autocompaixão, se perdoar e se amar. Todas as partes de você, inclusive aquela de que não se orgulha.
- Escolher o comportamento ou sentimento que quer nutrir/vibrar a partir daquela descoberta.
E assim sucessivamente com todos os desconfortos que aparecerem durante o dia. A ideia por trás desse processo é saber-se inteiro, saber-se completo, saber-se perfeito, saber-se Deus. Ao mesmo tempo, saber-se parte de um todo que é o universo, saber-se uma gota de água no oceano, um grão de areia no deserto.
A percepção de ser completude traz uma paz enorme, pois entende que não existem defeitos e sim características. Que o julgamento de uma parte de nós como errada é apenas uma visão, um ponto de vista, não é um fato. É entender que aquilo não nos diminui ou nos desvaloriza, apenas nos torna únicos. Que buscar a evolução não é necessariamente se livrar de características nossas e sim aumentar a consciência para perceber o potencial positivo relacionado àquela característica e usa-la para propagar o amor, que é o que nos move.
Já a ideia de sermos todos parte de um todo, traz a tranquilidade de não estarmos sozinhos na vida, no universo. De sermos uns os outros e todos em nós. De aproximação e reconhecimento.
Tudo isso pra falar: o que pode dar errado?! Nada, ne?! É fácil assim...
Mas não. Talvez devesse ser fácil, mas não é (embora definitivamente valha o esforço). É difícil silenciar as vozes que falam dentro de mim e ouvir minha intuição, porque a revelação da nossa essência, eu acho, não vem da voz racional que analisou alguma coisa, mas sim da intuição que não conseguimos explicar ou entender. Aí mora um grande desafio pra mim. Estou sempre fazendo associações lógicas e concluindo coisas. Toda conclusão é um fechamento e, por princípio, errada (?). Quando concluímos uma questão, fechamos a exploração daquela questão e não sei como identificar se essa conclusão não é apenas mais uma história que nos contamos para nos consolar ou se é uma revelação da realidade.
O que é a realidade, afinal?
terça-feira, 24 de janeiro de 2017
O espectro das dualidades
Uma grande evolução na percepção das coisas, na minha opinião, é entender as dualidades na forma de um espectro. A primeira vez que ouvi falar desse conceito fora da física foi em relação às doenças psiquiátricas. Aparentemente, sabe-se hoje que os diagnósticos psiquiátricos são bem mais abrangentes do que costumavam ser. Não se entende mais que uma pessoa "é" determinada doença e sim que tem características do espectro daquela doença.
De forma similar, vejo todas as dualidades da vida: Dia x Noite, Bem x Mal, Saúde x Doença, Feminino (mulher) x Masculino (homem), etc. Obviamente os conceitos absolutos são opostos, mas existem de forma difusa na realidade. Entender isso pode nos libertar de muitas crises existenciais. Definir um conceito pela expressão máxima dele é ignorar a existência de todas as suas expressões mais frequentes. As expressões máximas e opostas de conceitos duais ocorrem de forma quase instantânea, por um breve período de tempo apenas. Por que, então, usar essa expressão de forma tão definitiva e absoluta?
Sei que essa reflexão está parecendo papo de louco, mas vou contextualizar. Como mãe, sei que tenho a obrigação de educar meus filhos para viver em sociedade. A nossa sociedade, porém, é machista, racista, homofóbica, competitiva e, de certa forma, doente. Eu me esforço diariamente para identificar em mim as expressões desses conceitos e, assim, desconstruí-los. A sociedade em que quero viver é outra, é inclusiva e igualitária (no sentido de justa e não de ignorar as diferenças individuais, é bom que se esclareça). Esses são os conceitos que quero passar para os meus filhos.
Uma confusão recorrente é associar o feminismo à ideia de negação da feminilidade. Não é nada disso. O feminino e masculino são duas pontas do mesmo espectro e as pessoas se encaixam em qualquer ponto dele. O feminismo apenas defende que qualquer ponto desse espectro é igualmente valioso. Não há característica ruim ou menor, apenas características diversas que se associam mais ou menos a uma das pontas do espectro. Todas importantes e especiais.
Esse entendimento do espectro do gênero nos leva, consequentemente, à valorização das diferenças. Não havendo hierarquia entre as características possíveis, entendendo todas como importantes e necessárias e sabendo que cada uma existe num determinado ponto do espectro, todos os pontos são essenciais. É na união de todo o espectro que mora a unicidade, a perfeição, que mora Deus. Provavelmente até a ideia da escolha do arco-íris como símbolo da diversidade de gênero venha daí: temos diversas cores e juntos formamos a luz!
E aí, se estava parecendo papo de louco até aqui, agora é que piora... Acredito que somos todos partes do mesmo ser, somos todos um. De verdade. Cada um com uma característica única e essencial na composição do nosso todo. Negar ou diminuir o outro por qualquer que seja o motivo é negar e diminuir a nós mesmos. Tudo que vemos no outro existe em nós, porque somos uns os outros. Mesmo individualmente únicos.
Namastê!
De forma similar, vejo todas as dualidades da vida: Dia x Noite, Bem x Mal, Saúde x Doença, Feminino (mulher) x Masculino (homem), etc. Obviamente os conceitos absolutos são opostos, mas existem de forma difusa na realidade. Entender isso pode nos libertar de muitas crises existenciais. Definir um conceito pela expressão máxima dele é ignorar a existência de todas as suas expressões mais frequentes. As expressões máximas e opostas de conceitos duais ocorrem de forma quase instantânea, por um breve período de tempo apenas. Por que, então, usar essa expressão de forma tão definitiva e absoluta?
Sei que essa reflexão está parecendo papo de louco, mas vou contextualizar. Como mãe, sei que tenho a obrigação de educar meus filhos para viver em sociedade. A nossa sociedade, porém, é machista, racista, homofóbica, competitiva e, de certa forma, doente. Eu me esforço diariamente para identificar em mim as expressões desses conceitos e, assim, desconstruí-los. A sociedade em que quero viver é outra, é inclusiva e igualitária (no sentido de justa e não de ignorar as diferenças individuais, é bom que se esclareça). Esses são os conceitos que quero passar para os meus filhos.
Uma confusão recorrente é associar o feminismo à ideia de negação da feminilidade. Não é nada disso. O feminino e masculino são duas pontas do mesmo espectro e as pessoas se encaixam em qualquer ponto dele. O feminismo apenas defende que qualquer ponto desse espectro é igualmente valioso. Não há característica ruim ou menor, apenas características diversas que se associam mais ou menos a uma das pontas do espectro. Todas importantes e especiais.
Esse entendimento do espectro do gênero nos leva, consequentemente, à valorização das diferenças. Não havendo hierarquia entre as características possíveis, entendendo todas como importantes e necessárias e sabendo que cada uma existe num determinado ponto do espectro, todos os pontos são essenciais. É na união de todo o espectro que mora a unicidade, a perfeição, que mora Deus. Provavelmente até a ideia da escolha do arco-íris como símbolo da diversidade de gênero venha daí: temos diversas cores e juntos formamos a luz!
E aí, se estava parecendo papo de louco até aqui, agora é que piora... Acredito que somos todos partes do mesmo ser, somos todos um. De verdade. Cada um com uma característica única e essencial na composição do nosso todo. Negar ou diminuir o outro por qualquer que seja o motivo é negar e diminuir a nós mesmos. Tudo que vemos no outro existe em nós, porque somos uns os outros. Mesmo individualmente únicos.
Namastê!
sexta-feira, 20 de janeiro de 2017
Parto do Bento e minha redenção
A chegada do Bento era prevista para o dia 20 de janeiro de 2016, mas eu sempre achei que ele chegaria antes disso. Talvez porque o Davi veio duas semanas antes da data prevista, talvez porque eu já tinha ultrapassado o peso maximum maximorum, talvez porque estava muito ansiosa para conhece-lo, enfim, o fato é que cada dia de janeiro que ele preferiu ficar no quentinho do meu útero era de uma ansiedade e expectativa enorme do lado de fora. A Dani, que veio do Brasil especialmente pra sua chegada, estava aqui desde o dia 5 de Janeiro e iria embora no dia 24. A expectativa era geral! Eu, por diversas noites em janeiro sentia contrações dolorosa e pensava "é hoje!", e não era. Não, até a noite do dia 19 de Janeiro.
A caminho do quarto eu parava para me agachar de dor, me contorcer no chão. Olhava pra parteira com cara de "PELAMORDEDEUS, ME SALVA!", e ela sorrindo dizia:
Ainda fiquei dolorida por alguns dias, mas nada perto da dor de antes.
Fui pra cama por volta das 9 pm me sentindo muito cansada (normal para uma grávida em fim de gestação pesando quase 90 quilos). Comecei a sentir as contrações doloridas, que já havia sentido outras noites. Fiquei ali, presente, sentindo cada contração que vinha levemente dolorida e espaçada de uns 10/15 minutos da outra.
Todos da casa dormiam e eu, já percebendo que aquela não seria uma noite comum, saí do quarto por volta das 11 pm e vim pra sala sentir com toda minha atenção e consciência o que estava acontecendo com o meu corpo. As contrações estavam mais frequentes e mais doloridas. Muito mais doloridas.
Fiquei no escuro da sala, olhando o rio congelado pela janela, na cadeira de balanço, tentando não resistir à dor, lembrando de respirar e repetindo mentalmente o mantra: Enjoy the pause! (Aproveite a pausa)*
*Aprendi essa lição maravilhosa no livro Mindful birthing. A dor das contrações de trabalho de parto é intensa, mas de mesma intensidade é o relaxamento entre as contrações. É uma coisa única, um efeito quase que anestésico do corpo que, se não atentas, não percebemos. Eu, repetindo esse mantra, pude constatar o que o livro conta: não há relaxamento mais profundo que o que acontece na pausa entre contrações. E constatava isso admirada com a perfeição da natureza. É o corpo se recuperando momentaneamente para a transformação brutal ocorrendo na forma de contrações extremamente doloridas. É a calmaria em meio à tempestade, ambas se alternando a todo momento num ciclo dual, natural, sagrado. Como a natureza! O auge de um é o início do outro. E assim, movimento e repouso, dor e relaxamento e, hoje eu entendo assim, Yin e Yang, numa dança física visceral dentro de mim.
Foi assim das 11 pm até umas 4 am. Eu, sozinha, perambulando pela casa silenciosa, escura e fria, focando na respiração e nas sensações do meu corpo, conversando com Bento e com Deus, chorando, entrando debaixo do chuveiro quente sempre que achava que não estava aguentando mais de dor (acho que tomei uns 3 banhos quentes em casa, naquela noite), até que não aguentei mais a solidão.
Entrei no quarto do Davi, a procura do colo da minha mãe. Era ela quem eu queria naquele momento. E, menina de sorte que sou, ela estava lá! Pronta! No meio da madrugada. Ela, Dani e Davi. Tentei deitar na cama, mas não conseguia. A dor das contrações me colocavam em movimento, de pé, aos prantos a essa hora. Minha mãe ordenou então que chamássemos a parteira, que fossemos pro hospital, não havia mais condições de ficar em casa, a chegada do Bento estava muito próxima, ela sabia.
Acordamos o Carlos que foi fazendo as coisas burocráticas: ligar pra midwife, chamar o taxi, pegar as coisas. E eu e minha mãe andando pela casa e sentindo cada contração, já extremamente próximas umas das outras, aos prantos (eu). Naquela hora, eu sabia que eu, mamãe e Dani estávamos todas em trabalho de parto. Todas conectadas com o sagrado feminino que nos une, unindo nossas forças numa corrente invisível, porém muito forte.
O taxi chegou e chegamos ao hospital por volta das 5:30 am. Tudo escuro, hospital vazio e eu me contorcendo de dor e implorando pra todo mundo que eu via:
- Help me! Help me! Help me!!!
Fui pra sala de triagem para checar a dilatação e mal consegui deitar na maca, meu corpo queria a posição horizontal e eu era, naquele momento, um bicho. Eu não pensava, não analisava, só sentia e observava, e fazia o que ele, meu corpo, mandava.
4 cm de dilatação às 5:30 am. Excelente, vamos pro quarto, Bento está a caminho.
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- Good for you!!! (Bom pra vc) - eu queria mata-la. "BOM PRA QUEM, FILADAPUTA?!", pensava.
A essa hora, eu já alternava entre momentos de consciência e desespero. Desesperada com a dor, pedia que me aplicassem uma anestesia GERAL! hahaha Todos me olhavam, mas ninguém fazia nada. Não havia anestesista disponível e eu precisaria, me disseram, de receber um litro de soro na veia antes da epidural. Abri meus braços oferecendo as veias e implorando, "coloquem esse soro já!". Tentaram, é verdade, mas ninguém conseguiu acertar a veia.
Eu agachada no chão do quarto do hospital, com os braços esticados na cama, as duas parteiras tentando achar minha veia e nada. Furavam e não dava certo. Me mandaram pra debaixo do chuveiro, onde fiquei a maior parte do tempo, chorando, tentando lembrar de tudo que tinha lido: RESPIRA, APROVEITE A PAUSA, e PELO AMOR DE DEUS, CADE O ANESTESISTA DESSA PORRA?!?!?!?
Sei que mediram a dilatação novamente às 6:30 am e eu já estava com 7 cm de dilatação. O negócio era bruto, intenso e rápido. Todos sabiam. (eu só sabia a parte do bruto e intenso. Rápido é um conceito muito relativo nessa hora. Pra mim, aquilo estava durando uma eternidade e não teria fim).
De volta pro chuveiro, balançava, chorava, rezava e tentava respirar e não resistir àquele fenômeno milagroso por que meu corpo passava. Depois de constatarem que já estava muito dilatado, me disseram:
- Lia, vamos furar a bolsa pra saber se está tudo bem. Se tiver algum problema no liquido, vamos chamar o pediatra, ok?
Eu só consegui dizer:
- Depois vai me aplicar a anestesia? Por favor??
Furaram a bolsa, liquido amniótico lindo, transparente, quentinho, perfeito. Acharam alguém que conseguiu aplicar o soro em mim, isso já eram umas 7:30 am. Saí do chuveiro para receber o soro e fui para o quarto. A moça furando minha veia, eu agachada no chão, braços esticados na maca enquanto ela colocava o soro, senti que era hora da expulsão.
Comecei a fazer força de expulsar, mesmo sem querer. Meu corpo queria. A parteira perguntou:
- Quer expulsar o bebê?
Eu:
- YEEEEEES. - já expulsando.
Nessa hora, o que mais me impressionou foi a involuntariedade do meu corpo. Eu não quis expulsar o bebê, meu corpo quis. E não havia nada que pudesse impedir aquele processo. Meu corpo foi dono de si e agiu como queria (guiado por quem???).
Eu ainda estava de cócoras no chão e, receosos de que o bebê nasceria no chão, me passaram pra maca. Fiquei ajoelhada expulsando, gritando, chorando, rezando e tentando lembrar de respirar. Foi uma experiência animalesca, brutal, avassaladora, transformadora.
O Bento veio. Não assim, delicadamente, veio em partes. Primeiro a cabeça. Senti que todos os ossos do meu corpo estavam se abrindo e que me quebraria ao meio ali. Gritei, um grito agudo, de desespero. A parteira, calmamente, disse:
- Pode gritar, querida, mas tente gritar grosso. Ajuda mais.
Nem deu tempo e meu corpo já mandou mais uma expulsão, o ombro e resto do corpinho do Bento deslizaram pra maca. E, agora sim, ele apareceu inteirinho na minha frente. Braços e pernas abertos como quem caiu do céu, roxinho. Chorou. Eu o peguei imediatamente! E as imagens a seguir falam por si. (Aviso: cenas fortes!)
Bento nasceu no dia 20 de Janeiro de 2016, às 8:18 am, com 4.05 kg e 52.5 cm. (~9 horas de trabalho de parto, 45 minutos de expulsão, parto normal, sem intervenção)
Mas ele não veio sozinho. Depois de tê-lo parido, deitei na maca com ele em meus braços, dolorida da cintura pra baixo. A parteira mais nova olhou alguma coisa ali e disse:
- Opa! O que é isso?!
A parteira mais velha veio ver.
- Ah! É o útero dela. Temos que colocar pra dentro de novo. - :o
Uma pausa aqui para contar uma coisa. O trabalho de campo do meu doutorado foi em uma fazenda leiteira. Certo dia cheguei e encontrei uma vaca estirada no chão, morta, no meio do caminho. Perguntei pro fazendeiro o que tinha acontecido com a pobre vaca e ele respondeu:
- Ela pariu no meio da noite e o útero dela saiu. Então ela morreu.
Fiquei assustada com a constatação de que meu útero tinha saído com o Bento e perguntei:
- E agora?! Vou morrer!
As parteiras disseram que não, que só teriam que colocar o útero pra dentro. Assim o fizeram. Também costuraram o que havia aberto naquele processo todo e, aí sim, pude curtir o meu bebezão.
Ainda fiquei dolorida por alguns dias, mas nada perto da dor de antes.
segunda-feira, 2 de janeiro de 2017
2017
Começo esse ano verdadeiramente animada! Tenho consciência dos desafios que tenho pela frente, sei que terei que trabalhar intensamente pra dar conta de todos eles, mas estou otimista!
O ano de 2016 foi, pra mim, transformador. Não terminei o doutorado nele, como tinha inicialmente programado, mas evoluí de forma significativa em pontos cruciais do desenvolvimento pessoal. Foi um ano difícil para o mundo, muitas tragédias, injustiças e perdas. Coisas boas também aconteceram, claro, mas o balanço, pelo menos para o Brasil, acho que foi negativo. Eu diria que o mal venceu no Brasil em 2016.
Aqui, em mim, o bem venceu de longe. Tive a perda dolorida de dois familiares muito próximos: vovô e Roberto e tive a depressão pós-parto, mas acho que por causa dessas experiências ruins, cresci. Foi a tempestade que me fez florescer de uma forma definitiva e vou explicar com uma analogia que faz muito sentido pra mim.
É como se antes eu morasse numa caverna e achava que o mundo era aquilo ali. Eu simplesmente não via muito dos meus problemas, não reconhecia que tinha problemas importantes. Com a aceitação de que eu estava com depressão, me vi fora da caverna, olhando para uma montanha. Eu teria, agora, que escalar a montanha. O ponto crucial aqui é: uma vez avistada a montanha, nunca se volta para o ponto em que se vivia na caverna como se aquilo fosse tudo. Pode-se até entrar na caverna novamente, mas a consciência de que existe todo um morro acima existe para sempre.
Tratar a depressão é como escalar uma montanha e a cura está no topo dela. Vamos bravamente escalando em direção ao topo. Muitas vezes escorregamos e descemos um pouco, ou muito, mas sempre olhando pra cima e voltando a escalar. Esse processo de instabilidade emocional, me fez valorizar muito a minha sanidade mental e as pequenas coisas que temos por certas, mas que, de repente, podem deixar de acontecer ou existir. Valorizo cada dia bom e isso é um aprendizado. O conceito de dia bom mudou também. Antes eu tinha uma exigência enorme para considerar um dia bom. Hoje sei reconhecer coisas boas todos os dias. E as valorizo.
Hoje sou mais tolerante comigo. Menos exigente. Sei reconhecer a divindade/completude em mim ao mesmo tempo em que sei que tenho muito a evoluir.
Entendi, realmente, que somos todos partes de um mesmo ser e que os outros são nossos espelhos. As relações são oportunidades de reconhecimento e evolução pessoal. E que o amor é a energia que nos unifica.
Me despeço de 2016 com gratidão e recebo 2017 com entusiasmo!
Namastê!
O ano de 2016 foi, pra mim, transformador. Não terminei o doutorado nele, como tinha inicialmente programado, mas evoluí de forma significativa em pontos cruciais do desenvolvimento pessoal. Foi um ano difícil para o mundo, muitas tragédias, injustiças e perdas. Coisas boas também aconteceram, claro, mas o balanço, pelo menos para o Brasil, acho que foi negativo. Eu diria que o mal venceu no Brasil em 2016.
Aqui, em mim, o bem venceu de longe. Tive a perda dolorida de dois familiares muito próximos: vovô e Roberto e tive a depressão pós-parto, mas acho que por causa dessas experiências ruins, cresci. Foi a tempestade que me fez florescer de uma forma definitiva e vou explicar com uma analogia que faz muito sentido pra mim.
É como se antes eu morasse numa caverna e achava que o mundo era aquilo ali. Eu simplesmente não via muito dos meus problemas, não reconhecia que tinha problemas importantes. Com a aceitação de que eu estava com depressão, me vi fora da caverna, olhando para uma montanha. Eu teria, agora, que escalar a montanha. O ponto crucial aqui é: uma vez avistada a montanha, nunca se volta para o ponto em que se vivia na caverna como se aquilo fosse tudo. Pode-se até entrar na caverna novamente, mas a consciência de que existe todo um morro acima existe para sempre.
Tratar a depressão é como escalar uma montanha e a cura está no topo dela. Vamos bravamente escalando em direção ao topo. Muitas vezes escorregamos e descemos um pouco, ou muito, mas sempre olhando pra cima e voltando a escalar. Esse processo de instabilidade emocional, me fez valorizar muito a minha sanidade mental e as pequenas coisas que temos por certas, mas que, de repente, podem deixar de acontecer ou existir. Valorizo cada dia bom e isso é um aprendizado. O conceito de dia bom mudou também. Antes eu tinha uma exigência enorme para considerar um dia bom. Hoje sei reconhecer coisas boas todos os dias. E as valorizo.
Hoje sou mais tolerante comigo. Menos exigente. Sei reconhecer a divindade/completude em mim ao mesmo tempo em que sei que tenho muito a evoluir.
Entendi, realmente, que somos todos partes de um mesmo ser e que os outros são nossos espelhos. As relações são oportunidades de reconhecimento e evolução pessoal. E que o amor é a energia que nos unifica.
Me despeço de 2016 com gratidão e recebo 2017 com entusiasmo!
Namastê!
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